Cidade e Natureza: Escalas e Fronteiras. Uma reflexão sobre espaços livres urbanos em Marabá
Concepções de cidade e natureza, materialidade da cidade, espaços livres urbanos.
As concepções de cidade e natureza utilizadas contemporaneamente estão permeadas por conceitos socialmente criados em períodos específicos da história. Em que pese a influência das visões de mundo que separam cidade e natureza, inclusive na legislação ambiental brasileira, o processo de urbanização é inseparável de seu suporte biofísico. Embora tenha crescido um debate em torno de uma “questão ambiental” desde os anos 1960, e que na Amazônia essas discussões tenham alcançado grande repercussão, estas atingem apenas a escala macro, sem alcançar a escala micro da vida cotidiana: as cidades amazônicas - onde residem 70% da população da região – ocorre crescente degradação e a exclusão socioambiental. Embora não haja consensos a respeito de que rumos devam tomar as cidades latino-americanas contemporâneas (em sua nova condição marcada por tecidos abertos, espraiados e de difícil delimitação e entrecortado por verdadeiros “buracos” - os espaços livres), a pesquisa pretende buscar ferramentas para compreensão das relações sociedade-meio na cidade e por isso são destacadas, em meio aos estudos urbanos, abordagens que buscam compreender a espacialidade da cidade – o paisagismo (landscapeurbanism), e o desenho urbano, na tentativa de uma visão interescalar que busque transpor as fronteiras abstratas forjadas pelos campos de conhecimento e que contribuam para a busca de alternativas que conciliem as dimensões urbana e ambiental na escala da cidade. Adota-se como estudo de caso para a busca da compreensão das relações entre cidade e natureza, os espaços livres da cidade de Marabá, situada no sudeste paraense, em contexto amazônico, que além de ter sido campo de experimentação urbanística, possui um tecido urbano marcado por interstícios e espaços livres; espaço que por não estar plenamente estruturado poderia traçar novas trajetórias.