Entre a Várzea e Terra Firme - Estudo de assentamentos tradicionais urbanos rurais na Região do Baixo Tocantins
Baixo-Tocantins, urbanização extensiva, assentamento tradicional, morfologia
A região do Baixo Tocantins contava com uma ocupação típica do território, que começava no estuário de rios e igarapés menores e avançava para a terra firme, foi umas das primeiras a receber a colonização europeia no Estado do Pará, e sofreu transformações a partir dos projetos de integração da Amazônia ao resto do Brasil por via terrestre, quando o acesso rodoviário passou a ter uma importância crescente no estabelecimento de assentamentos, de novas vilas e na reconfiguração de cidades. Atualmente, abriga o maior distrito industrial e o maior porto exportador do Estado, possui intensa atividade econômica ligada à madeira e ao carvão, e no que se refere ao extrativismo de produtos não-madeireiros destaca-se a pressão por uma revitalização econômica das áreas de várzea devido à expansão de manejo de açaí. Este trabalho tem como intuito analisar a forma de arranjos espaciais de assentamentos de populações tradicionais na várzea e terra firme na região do Baixo Tocantins, mais precisamente nos municípios de Cametá, Baião e Mocajuba, com o auxílio de formulações de Lefebvre (2006) e Soja (1993), sobre a natureza trialética da espacialidade (espaços, concebido, percebido e vivido). O espaço é entendido a partir de dimensões que buscam a compreensão do contexto histórico, da formação socioeconômica, da forma de apropriação dos seus espaços e própria morfologia. A região está passando por transformações econômicas e espaciais, que não reconhecem os arranjos espaciais das comunidades compatíveis com o modo de vida amazônico. A pesquisa evidencia uma nova reorganização espacial causada pela assimilação do modo de vida citadino, instalação de infraestrutura, adensamento populacional, processo de subdivisão a área de trabalho e atuação de todas as esferas de políticas públicas nas comunidades estudadas. O intuito é oferecer subsídios para o entendimento do processo contemporâneo de transformação das aglomerações amazônicas (cidades e vilas), por meio da investigação dos padrões de assentamento de populações tradicionais na região.