As faces da segregação na urbe amazônida: o caso de Porto Velho, Rondônia
segregação sócio-espacial, morfologia urbana, cidade amazônica, Porto Velho/RO
A evolução urbana de Porto Velho foi marcada pela hegemonia da lógica funcionalista de produção, voltada para a exploração dos recursos naturais e a acumulação de capital. Nesse sentido, os ciclos econômicos e os projetos governamentais implantados na região foram os grandes indutores de crescimento populacional e de expansão de sua mancha urbana, além de promotores da segregação sócio-espacial e ambiental. O objetivo desta dissertação é compreender a dimensão espacial da segregação na cidade de Porto Velho, ao longo do tempo, a partir de parâmetros morfológicos e geomorfológicos. No início do século XX, durante o primeiro ciclo da borracha, uma company town constituiu o núcleo urbano inicial de Porto Velho. Na sua gênese, a cidade foi dividida por uma Av. Divisória que separava a parte "norte-americana" (moderna, bem equipada) da "brasileira" (formada por um exército de reserva, sobrevivente, em busca de oportunidades). As desigualdades sociais são percebidas no espaço, e investigadas por meio de pesquisa bibliográfica e documental, dos parâmetros morfológicos - tais como diferenças no sistema viário, no tamanho das quadras, no uso e na ocupação do solo, nos equipamentos urbanos, e das características do sítio (presença de cursos d'água, forma do sítio). Cogita-se, então, que a segregação sócio-espacial, muito nítida naquela época, tenha relação com a segregação existente atualmente na cidade. A pesquisa se propõe investigar como o "germe" da segregação socioespacial e socioambiental implantado desde a company town se perpetuou, por meio da análise das estruturas urbanas produzidas em períodos com contextos políticos, sociais e econômicos diversos. Atualmente o núcleo urbano de Porto Velho, é permeado por igarapés e precário em áreas verdes, e há uma conexão entre degradação ambiental e segregação sócioespacial. Os espaços de natureza têm se transformado em espaço da pobreza, enquanto há uma carência por espaços públicos de qualidade, que promovam o convívio social e a urbanidade. Acredita-se que o agravamento da segregação sócio-espacial na cidade pode ser compreendido pela investigação das configurações que correspondem aos períodos de evolução urbana da cidade e pela maneira como vegetação e cursos d'água foram tratados.