Santa Izabel e Soledade: O eterno e o mutável nas alterações dos espaços cemiteriais na Belém do Século XIX
Cemitérios; Século XIX; Modernidade; História Urbana; Belém-PA.
Os cemitérios são espaços arquitetônicos que acompanham o desenvolvimento das cidades. Desde os primórdios das comunidades, no período Neolítico até o século XIX, período em que os núcleos dos cemitérios de Belém estudados foram inaugurados, os espaços fúnebres, como espaços autônomos das igrejas, têm seu espaço interno e na sua relação com o entorno urbano, delimitado por questões culturais. Os processos de modificação cultural vividos pelas sociedades, principalmente a transição do século XVIII para o século XIX, traz ideologias inovadoras que alteram drasticamente os territórios visíveis das cidades. As novas ideologias de racionalização, avanço da medicina, secularização dos cemitérios e laicização do estado, trazem a sociedade oitocentista mudanças no modo de vida, que resultam em uma negação da morte e expulsão dos cemitérios, até então ao lado das igrejas, para os limites da cidade, transformando-os em territórios existentes, mas invisíveis ao centro urbano. Utilizando a História Urbana e a Cartografia para ilustrar tais mudanças, estas ferramentas permitem uma amplitude mais interdisciplinar da pesquisa. O objetivo deste trabalho visa investigar as transformações espaciais dos espaços fúnebres na cidade de Belém no século XIX (Cemitério de Nossa Senhora da Soledade e Cemitério de Santa Izabel), no aspecto da sua relação com o entorno urbano e a expansão territorial da cidade durante o recorte temporal em estudo, fundamentado nos conceitos racionais oitocentistas e ilustrado graficamente através de um mapa temático urbano. O método de pesquisa utilizado será da Estratégia Combinada, que é composta pela pesquisa Histórico-Interpretativa e pesquisa Qualitativa, que serão responsáveis por abranger os processos de representação espacial dos cemitérios. Tanto a vida quanto a morte refletem a interação da arquitetura com a vida humana e sentimentos, contextos históricos, crenças, ciências, normas sanitárias e afins, interferem e constroem a concepção e execução dos cemitérios até os dias atuais.