Patrimônio Arquitetônio e locus de práticas culturais comerciais
Mercados, consumo cultural, patrimônio cultural, Ver-o-Peso, Belém-PA
Nos últimos anos, algumas cidades que possuem um sistema de mercados cobertos têm tentado utilizá-los como ferramentas de reequilíbrio urbano. Funcionando como um importante pólo aglutinador social para a cidade de Belém, no complexo do Ver-o-Peso, o Mercado de Carne Francisco Bolonha (1860) sintetiza tais dinâmicas vivenciadas pelos mercados cobertos e hoje se revela como um lugar que transcende o puro intercâmbio de mercadorias. Prevalecendo a retórica de adaptar-se à modernidade, após passar por uma intervenção, reinaugurado em 2011, embora tenha se mantido o seu uso tradicional, um processo de esvaziamento dos boxes por parte de seus permissionários se alastra, bem como a sua gama de práticas de consumo se diversifica. Adotando a etnografia como método de compreensão, pretendeu-se analisar o mercado a partir da lógica interna de seus usuários, o que permitiu concluir quais as tendências globais que afetam as zonas históricas e se reproduzem no Bolonha, e em que medida a cultura local produz estratégias diferenciadas para a sobrevivência deste espaço de consumo no meio termo entre o local e o global. Portanto, ressalta-se que as ações de salvaguarda do Centro Histórico de Belém devem ter em conta a compreensão da dinâmica dos atores sociais, sob o risco de tornar-se insustentáveis e deletérias ao patrimônio cultural local.