O Espaço (in)formal na Amazônia ribeirinha: inadequações e tensões entre visões de mundo. Uma reflexão sobre o espaço tradicional em contexto periférico.
A várzea ribeirinha, interesse central do trabalho, é pautada por suas características físicas. Uma materialidade, que se cuidadosamente observada, revela desdobramentos socioculturais e espaciais aparentemente invisíveis do ponto de vista das políticas públicas contemporâneas e manifesta uma série de contradições tanto no espaço físico quanto no âmbito do discurso. As cidades da várzea Amazônica dependem da biodiversidade para viabilizar a economia local e de uma integração ao meio biofísico, baseada em um saber tradicional. Esta condição é manifesta em Afuá, objeto do presente trabalho, onde observa-se a capacidade de resistir da típica cidade ribeirinha em tempos de modernização. A partir deste panorama, o objetivo neste trabalho é entender como o espaço urbano não planejado responde a manifestações do discurso desenvolvimentista subjacente às transformações do território amazônico, evidenciar as contradições entre discursos e a partir dessas contradições revelar as heterotopias do espaço de Afuá. Busca-se entender a visão do nativo como protagonista deste espaço, entender como esse espaço pode contribuir para profissionais da área e constituir repertórios a partir de um olhar endógeno, que valorize e viabilize as práticas locais como forma de constituir e consolidar a identidade amazônica.