O ruído em unidades de internação hospitalar: Estudo de caso para identificar fatores relacionados a sua produção e mitigação
Ruído Ambiental. Arquitetura Hospitalar, Unidades de Internação, Quarto de Internação, Evidence Based Design.
O presente trabalho de pesquisa propõe-se a desenvolver um estudo de caso em uma unidade de internação, de pacientes de clínica médica e clínica cirúrgica, localizada em hospital terciário de alta complexidade no município de Belém, com a finalidade de identificar: (1) os fatores relacionados à produção do ruído ambiental interno nos quartos (fontes, ambiente construído, atividades assistenciais, atividades diversas); (2) a percepção subjetiva do ruído por parte dos pacientes internados, acompanhantes, equipe assistencial; e (3) a sugestão de medidas no sentindo de informar os órgãos competentes quanto à definição de diretrizes para sua mitigação no ambiente hospitalar. A abordagem foi quali-quantitativa experimental a partir da observação e medição do nível de ruído equivalente nos ambientes de internação, cujos valores (variáveis dependentes) foram posteriormente correlacionados com aspectos do ambiente físico, atividades assistenciais, e fluxo de circulação de pessoas e materiais (variáveis independentes), a fim de estabelecer-se a relação de causalidade ou casualidade entre os mesmos; aliada a aplicação de uma entrevista estruturada por meio de um questionário de avaliação da percepção subjetiva do respondente sobre o ruído ao qual está, ou esteve, exposto. Concluiu-se que os níveis observados são significativamente superiores aos limites normativos, e que o comportamento do ruído no interior dos quartos do estudo de caso possui correlação, positiva ou negativa, incipiente com as variáveis independentes sustentadas pela revisão bibliográfica, tornando inviável o estabelecimento de relação de causalidade entre as mesmas, em função do elevado nível de ruído de fundo proveniente dos sistemas de climatização, ventilação e exaustão. Foi observado também, no contexto específico do estudo de caso, que a produção do ruído é de natureza intrínseca ao quarto, não estando sujeita ao ruído produzido externamente. No que tange a como este ruído ambiental é percebido pelos usuários do hospital, concluiu-se que apesar dos elevados níveis observados, os indivíduos criaram dispositivos subjetivos para atribuir valores positivos e negativos às experiências relacionadas à exposição ao ruído, negligenciado os incômodos reais. Ambas conclusões alertam para o fato de que é necessidade imperativa que haja o correto gerenciamento do ruído ambiental no interior da unidade de internação, para que os ocupantes do espaço não estejam sujeitos aos seus efeitos deletérios à saúde.