Mercado Bolonha – Belém-PA: entre a valoração e a valorização no contexto patrimonial contemporâneo.
gentrificação comercial, turismo, patrimônio cultural, mercados, Belém-PA
De acordo com Manuel Guardia (2010), os mercados constituem uma instituição que se desenvolveu plenamente no século XIX e representam uma alegoria da Europa por terem uma unidade conceitual e uma rica diversidade em sua arquitetura e em seus usos. Bem como em cidades europeias, no Brasil, os mercados simbolizam histórias vivas e seguem sendo importantes aglutinadores sociais. Em Belém, dentro do complexo Ver-o-Peso, se pode encontrar o mercado Francisco Bolonha. Mais conhecido como Mercado de Carne, além de ter sido o primeiro da cidade, hoje se revela como um lugar que transcende o puro intercâmbio de mercadorias. Passados quase três séculos após sua inauguração (1860), prevalecendo a retórica de adaptar-se a modernidade, o mercado mantém o seu uso tradicional, porém continua estendendo a gama de diversos tipos de consumo, a qual passou a atrair usuários não-tradicionais, e que contextualizando, parece marcar uma tendência peculiar da ultima década dos Mercados Municipais de grandes cidades. Entretanto, essa tendência pode apresentar graves riscos a relevância social deste monumento e para antevê-los, é necessário se aprofundar sobre as causas e os atores que, em momentos atuais, têm determinado os modelos de produção e uso do espaço urbano no qual o mercado encontra-se submerso. Deste modo, o estudo busca preencher tais lacunas e discutir novos segmentos, buscando identificar os seus pressupostos e interpretando-os como fruto deste processo. Sob a ótica integrada de uma visão social, objetiva-se questionar o controverso risco para este significativo lugar social, de memória, de convivência e de intercâmbio local, seguindo os indícios das alterações e dos impactos da mais recente intervenção concebida á este bem.