A MESTIÇAGEM NA LITERATURA LATINO-AMERICANA CONTEMPORÂNEA: UMA LEITURA DA TRILOGIA DE OSPINA.
Palavras-chave: mestiçagem; decolonialidade; entrelugar; literatura; William Ospina.
Esta tese propõe analisar a trilogia do escritor Colombiano William Ospina, a saber, Ursua (2005), El país de la canela (2008) e La serpiente sin ojos (2012), romances históricos do período da conquista e da colonização da América. O objetivo desta investigação consiste em refletir sobre a representação da mestiçagem na literatura contemporânea latino-americana, considerando os seus reflexos e as questões de raça e gênero apresentadas pelos estudos decoloniais. Nossa pesquisa parte da construção e da consolidação da ideia de raça apresentada pelos estudos contemporâneos decoloniais a fim de tomar a figura do mestiço como corpus desta investigação. Quanto ao problema da pesquisa, é válido ressaltar que sua relevância situase na visibilidade que as personagens mestiças adquirem nas narrativas, trazendo o tema da mestiçagem para o foco d nossa discussão. Assim, pressupõem-se que a categoria mestiça na literatura apresenta a narrativa historiográfica como o processo de representação e construção dos encontros étnicos. A fundamentação teórica e metodológica se ancora na Teoria Literária e nos estudos decoloniais, com a descrição das construções identitárias desenvolvidas por Anibal Quijano (2005), Walter Mignolo (2017), Maria Lugones (2008), quanto aos estudos culturais, destacamos os trabalhos de Stuart Hall (2006) para discorrer sobre entrelugar, Silviano Santiago e Homi Bhabha (1998) e, em se tratando de subalternidade, ancoramo-nos em Gayatri Spivak (2010). A metodologia caracteriza-se como bibliográfica, de análise de material. O estado da arte evidencia a presença de múltiplas identidades e a constante inferiorização do outro, descrito em diferentes contextos como indígena, mulher indígena e/ou mestiça. Neste estudo, focamos especificamente na figura do mestiço. Os resultados apontam que a constante presença de personagens mestiços nas narrativas reafirma um passado de violação, subalternidade, inferiorização e desvalorização dos corpos não brancos, possibilitando a construção de uma narrativa decolonial. Diante do exposto, concluímos que os resultados desta investigação contribuem para o entendimento de que a mestiçagem não se limita a questões raciais. Nesse sentido, é possível apontar que as mesclas étnico-culturais que estão enraizadas na cultura e na história do Continente Americano perpassam a ideia de entrelugar e, ao mesmo tempo, consideram o aspecto híbrido e fronteiriço, que também se aplica ao caráter mestiço da literatura latina.