LEITURA E RECEPÇÃO DE "A HORA E VEZ DE AUGUSTO MATRAGA" (2000-2018)
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Esta dissertação objetiva fazer uma leitura da novela “A hora e vez de Augusto Matraga”, última
narrativa de Sagarana (1946), primeira obra do escritor mineiro João Guimarães Rosa, bem
como fazer uma análise de sua recepção crítica entre os anos 2000 e 2018. Nossa leitura da
novela fundamenta-se na proposta de caráter hermenêutico feita pelo estudioso alemão Hans
Robert Jauß (2002), segundo a qual, para que se tenha uma compreensão mais completa
possível de um dado texto, é preciso que inúmeras leituras consequentes sejam realizadas.
Nossa análise da recepção crítica da obra, por sua vez, é fundamentada, majoritariamente, pelo
conceito de experiência estética, também, desenvolvido por Jauß (1974/1982), que, no que lhe
concerne, é dividido em dois níveis, a saber: prerreflexivo e reflexivo. O primeiro é o momento
em que o leitor, em sua interação com o texto literário, é envolvido por este; o segundo, que
pode ou não acontecer após o primeiro, é a ocasião em que o leitor se volta criticamente à obra,
de modo a compreendê-la, ao relacioná-la com seu conhecimento prévio, ampliando, daí, seu
entendimento sobre o mundo e si mesmo. Os textos a serem analisados foram, inicialmente,
escolhidos por meio da leitura de seu resumo, uma vez que tencionávamos ter uma noção geral
dos temas e formas de interpretação aplicadas à obra. Dentre os textos de recepção de nosso
corpus, nossa análise centraliza-se em 10 destes, a saber: Rolim (2005); Leitão (2006); Truzzi
(2007); Benedetti (2008); Pereira (2009); Lacerda Neto (2012); Sousa (2014); Oliveira (2015);
Ribeiro (2016); Vital (2017);. Como resultado, pudemos observar que há tanto interpretações
divergentes, em relação a um ou outro ponto, quanto interpretações convergentes, que assumem
uma mesma perspectiva e/ou opinião em relação a um ou outro ponto. Nossa conclusão é a de
que qualquer texto que objetive dar uma interpretação definitiva à obra de acordo com um ou
outro pensamento, pode ser refutado, tendo em vista a multiplicidade de contrastes que
compõem a obra.