ANÁLISE PERCEPTUAL DA VARIAÇÃO DAS VOGAIS MÉDIAS PRETÔNICAS EM BELÉM DO PARÁ
vogais médias pretônicas, variação, análise perceptual, dialeto belenense.
As vogais médias pretônicas foram alvo das descrições acústicas realizadas por Costa e Cruz
(2014) e Costa (2015 e 2016) na variedade do português falada em Belém (PA), as quais
apontaram a necessidade da elaboração de um protocolo perceptual a fim de refinar a análise
dessas vogais. Nesse sentido, o presente trabalho visa analisar perceptualmente as variantes das
vogais médias pretônicas - /e/ e /o/ - faladas em Belém, validando os resultados dos estudos
acústicos prévios (COSTA; CRUZ, 2014; COSTA, 2015 e 2016). Com o intuito de alcançar tal
objetivo, foi constituído um corpus de 34 vocábulos, os mesmos indicados como portadores de
variação nas descrições acústicas. A partir disso, pelo software TTS MAKER, conversor de
texto-fala, foram gerados os estímulos para cada palavra do corpus, de forma que, cada um dos
vocábulos conta com 3 estímulos diferentes, os quais contemplam as variantes para cada vogal
alvo, sendo: para /e/, as variantes [i], [e] e [E]; para /o/, as variantes [u], [o] e [O]. Para o
experimento definitivo é prevista a amostra de 112 belenenses, juízes, sendo metade naives e
metade experts, estratificados em: i) sexo, ii) escolaridade - até o ensino médio incompleto,
superior, graduados em Letras/Português - e iii) faixa etária (18 a 30 anos e acima e 45 anos).
O protocolo construído conta com o total de 102 tarefas compostas por três perguntas: 1a) “As
três pronúncias são iguais ou diferentes?”, que objetiva a discriminação dos estímulos; 2a) “Com
que frequência você ouve essas pronúncias na região metropolitana?”, cuja intenção é averiguar
a produção das variantes e 3a) “Qual (is) dessas pronúncias você reconhece como típica(s) da
fala de Belém?”, cujo escopo verifica qual(is) variante(s) pertencem à fala belenense. Após
ouvirem os estímulos, os juízes irão julgar àquelas variantes que mais ouvem e que pertencem
ao dialeto belenense. A seguir da coleta dos dados, esses serão tratados com o uso do programa
estatístico R. Um teste piloto foi aplicado para verificação da eficiência deste protocolo
experimental. Para o teste piloto, selecionaram-se 48 tarefas relativas a 16 vocábulos dos 34
previstos para o experimento definitivo. O teste piloto foi aplicado a 10 juízes experts, ou seja,
todos graduados em letras. Uma vez o teste aplicado, foram realizados dois tratamentos
estatísticos sobre os dados coletados, sendo: i) correlação de Tau de Kendall e ii) coeficiente
Alfa de Cronbach, os quais têm o intuito a comprovação da viabilidade do experimento. Os
resultados dos testes estatísticos comprovaram, no teste de confiabilidade, Tau de Kendall, a
eficácia do experimento, ressaltando que os elementos que os compõem (estímulos e perguntas)
são precisos para medir a percepção das variantes das vogais médias, com intervalo de
confiança de 95%. Em relação ao reconhecimento de tipicidade, com o índice de kappa 0,0421,
a consistência do instrumento também foi validada. Além disso, os testes também apontam uma
sugestão de ajuste: a alteração da terceira questão para itens de resposta sim/não para cada
versão da variante, visando maior praticidade no registro, codificação e análise. Para este exame
de qualificação, serão apresentados os resultados do teste piloto.