CECIM DA AMAZoÔNIA E SUA ICONESCRITURA LITERATURA FEITA DE PALAVRAS, SILÊNCIOS E IMAGENS
Palavras-chave: Amazônia; Iconescritura; Literatura; Poesia; Vicente Franz Cecim.
A presente tese estuda o projeto literário Iconescritura do escritor, poeta, jornalista e cineasta brasileiro Vicente Franz Cecim (1946 – 2021), com o objetivo de compreender esta estética literária pautada em palavras+ vazios+ silêncios+ imagens, literatura feita pela não palavra. Vicente Franz Cecim ao transmutar a Amazônia na geografia verbal de Andara, região imaginária, transformou-a em metáfora da vida e lança uma espécie de véu sobre a Amazônia onde todas as coisas se deslocam numa escritura movente. Esse mover é uma característica da obra cíclica do autor, que escreve desde 1979 Viagem a Andara, o livro invisível onde o inacabamento está atado a uma escritura em absoluta liberdade. Vicente Cecim já prenunciava a aura feérica de sua escritura nos filmes experimentais produzidos no início da década de 70, hoje compilados no projeto audiovisual KinemAndara. A literatura de Vicente Franz Cecim manifesta-se como um vazio transbordante, em que os desdobramentos lacunares vão se intensificando no decorrer de suas obras, nas páginas quase em branco de suas iconescrituras, forjadas no silêncio e no vazio que delineiam a dificuldade em expressar na linguagem o inexprimível. Sua escrita nada ortodoxa, densa e reflexiva sugere que seu leitor deverá buscar a cada linha uma chave que abrirá portais que o conectarão a uma profunda e subterrânea dimensão. A partir do recorte da compilação de suas obras Cecim da AmazoÔnia, Viagem a Andara o livro invisível (2020), das iconescrituras K o escuro da semente (2016), oÓ: Desnutrir a Pedra (2008) e Breve é a febre da terra (2014) buscamos compreender os desdobramentos desta literatura rarefeita onde os vazios e imagens reverberam tão alto quanto as palavras. Buscando entender o caráter de seu projeto literário Iconescritura, sua noção de escritura e construções literárias, ressaltamos postulações de estudiosos como Jacques Derrida (1967), Maurice Blanchot (2005), Guilles Deleuze (1995) e Roland Barthes (2004). A guisa de elucubrações acerca dessa estética literária que coaduna o signo verbal e o visual, aludimos também aos conceitos de estudiosos como Márcia Arbex (2006) e Paulo Franchetti (1982). Desse modo, pretende-se que os resultados da pesquisa possam contribuir para os Estudos Literários, evidenciando a construção de uma literatura pela não palavra, reinvenção da literatura como a conhecemos, Iconescritura.