ENTRE O NOJO E O GOZO: AS POÉTICAS OBSCENAS DE WALDO MOTTA E GLAUCO MATTOSO
Waldo Motta; Glauco Mattoso; poéticas obscenas; homoerótica; escatológica; libertinagem
Esta pesquisa investiga a obra de dois poetas brasileiros contemporâneos, Waldo Motta e Glauco Mattoso, cujas poéticas obscenas se contrapõem às hegemonias atuais, debochando delas com a finalidade de criticá-las. Enquanto o primeiro poeta enaltece o cu ao se inspirar no “erotismo sagrado” de Bataille (1987), o segundo constrói sua obra a partir de uma poética pautada na coprofagia – ou devoração de tudo que pode ser considerado merda ou “imprestável” –, o que nos faz recordar, principalmente, o Manifesto Antropófago (1928) publicado pelo escritor Oswald de Andrade, um dos expoentes do Modernismo Brasileiro. O objetivo deste trabalho é discutir as implicações éticas por trás da experiência poética transgressiva de Motta e Mattoso. Desse modo, recorre-se à análise de algumas de suas obras, bem como à fortuna crítica de cada poeta, somadas ao referencial teórico com base em outras áreas do conhecimento. O resultado dessa investigação nos leva a crer que a poesia waldiana e mattosiana fazem do deboche uma arma de transformação da realidade coercitiva e da libertação do sujeito.