O BRUTALISMO NA LITERATURA DE EDYR AUGUSTO
Realismo. Pssica. Brutalismo. Violência. Edyr Augusto
O presente trabalho visa realizar uma análise da narrativa “Pssica” (2015), de Edyr Augusto, refletindo como a linguagem da violência se articula sob a perspectiva do brutalismo, no percurso das personagens e na própria tessitura do texto. No campo dos conteúdos, essa violência permeia em diversas esferas como física, simbólica, psicológica e principalmente social; uma vez que, num contexto bem destoante do que geralmente é retratado pelo cânone literário acerca do espaço amazônico, o de idílico e exótico, há a coexistência do espaço urbano e ribeirinho num influxo de demandas neoliberais e tecnocráticas do mundo globalizado que constituem espaços hostis à sobrevivência humana. Nesse contexto, temos três núcleos narrativos desenvolvidos em três personagens: Janalice, Preá e Portuga, todos têm sua trajetória marcada pela violência em translado na Pan-Amazônia. É nesse cenário que Edyr Augusto compõe a ficção brasileira dentro da estética neorrealista. Esta dissertação, então, é oportuna para pensar características do brutalismo, uma das vertentes do neorrealismo, na prosa do autor paraense. Para isso, este trabalho dialoga com pensadores sobre a temática da violência como Karl Erik Schøllhammer (2000, 2009, 2013), Tânia Pellegrini (2001, 2004, 2007, 2009, 2012), Maria Dias (2004), Alfredo Bosi (1977). Assim, constata-se a necessidade do debate sobre a violência para além da hegemonia cultural centrada no eixo Rio de Janeiro e São Paulo, sobretudo, para pensar a complexidade das territorialidades amazônidas fora de estereótipos comuns à região. Nesse sentido, a partir da leitura crítica do corpus dessa pesquisa, reconhecese o afastamento de representações tradicionais das amazônias e a incorporação da estética brutalista no projeto literário, que mobiliza a brutalidade dos temas assim como a brutalidade na maneira de narrar, proporcionando choque no leitor ao retratar problemas sociais que assolam o extremo norte do país.