A REPRESENTATIVIDADE DA VELHICE FEMININA EM NARRATIVAS ORAIS DA MATINTAPERERA
Velhice Feminina. IFNOPAP. Narrativas Orais. Matintaperera.
As pesquisas realizadas sobre o mito da Matintaperera reduziram essa personagem à figura de uma bruxa/feiticeira da Idade Média, pois a caracterizaram como uma mulher velha, feia, assustadora e malvada, abordando, unicamente, o seu aspecto sombrio e apavorante e, consequentemente, apresentando uma visão negativa, estereotipada e preconceituosa da mulher na velhice. Contudo, os resultados ainda que parciais desta tese, que investigou narrativas orais da Matintaperera, recolhidas pelo “O Imaginário nas Formas Narrativas Orais Populares da Amazônia Paraense” (IFNOPAP) revelaram uma nova tradução do ser feminino na senescência, que não vem carregada de estereótipos e preconceitos, mas de novidade, liberdade e atualidade, evidenciando também um protagonismo da mulher madura. Nesse sentido, o objetivo geral deste trabalho é compreender a representatividade da velhice feminina em narrativas orais da Matintaperera. Com objetivos específicos, propomo-nos a verificar a relação existente entre a Matintaperera e a figura da bruxa/feiticeira medieval em narrativas tradicionais da Matintaperera, recolhidas por Walcyr Monteiro e Jairo Costa, bem como examinar o protagonismo da mulher velha em narrativas ifnopapianas da Matintaperera. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, com abordagem qualitativa, cuja metodologia consistiu em: a) revisão da literatura; b) estudo da história da velhice, sobretudo a feminina; c)estudo do mito da Matintaperera; d) leituras das coletâneas do IFNOPAP, intituladas Santarém conta..., Abaetetuba conta..., Belém conta... e Bragança conta... e) seleção de quatro contos orais da Matintaperera; f) análise literária das narrativas escolhidas. O referencial teórico deste estudo ampara-se em: Beauvoir (2013), Zimerman (2007), Mucida (2018), Goldenberg (2008), Freud (2016), Salgado (2002), Pires (2006), Debert (1994). Destarte, acreditamos que esta tese contribuirá de forma significativa aos estudos do envelhecimento humano/velhice, uma vez que se trata de um tema, que ainda é pouco estudado/publicado nas ciências humanas, sobretudo na área de Letras (Estudos Literários), especialmente no que tange a velhice feminina, que é esquecida, rejeitada, silenciada e inviabilizada, tanto pela sociedade, família, maridos/filhos, quanto por estudos acadêmicos.