DO SERINGAL AO GARIMPO: FIGURAÇÕES FEMININAS EM TERRA CAÍDA, DE JOSÉ POTYGUARA, E MARIA DE TODOS OS RIOS, DE BENEDICTO MONTEIRO
José Potyguara; Benedicto Monteiro; personagens femininas; ciclo da borracha; garimpo de ouro.
A saga da borracha e o garimpo de ouro de Serra Pelada foram dois eventos históricos que ocorreram, respectivamente, no final do século XIX até meados do século XX, e entre as décadas de 80 e 90 do século passado. Apesar de trazerem características próprias, estes dois períodos se aproximam, principalmente, pela desenfreada exploração humana e dos recursos naturais da Amazônia, que até então era tida como um espaço pronto para ser habitado e colonizado. No que diz respeito à trajetória das mulheres nos seringais e garimpos, é possível observar que a proibição e exploração feminina andam lado a lado, bem como o cruel apagamento de suas vivências da história oficial da saga da borracha e do garimpo de ouro. Neste sentido, a presente dissertação tem por objetivo discutir sobre a figuração feminina nos espaços do seringal acreano e do garimpo de Serra Pelada nos romances Terra caída (1961), de José Potyguara, e Maria de todos os rios (1992), de Benedicto Monteiro. As obras em questão colocam os dramas das personagens femininas em destaque, que ora transgridem os papéis socialmente impostos a elas, ora os mantêm por não possuírem oportunidades de se desvencilhar do sistema complexo que é o patriarcado. Portanto, será analisado como se dá a vivência feminina nestes espaços e as formas encontradas por elas para resistirem e (sobre)viverem. Para tanto, o trabalho está ancorado em três campos teóricos que vão subsidiar a discussão acerca da relação mulher e literatura: a figuração feminina na literatura e a crítica feminista; as imagens acerca do gênero feminino no mundo ocidental; e a presença feminina no ciclo da borracha e no garimpo de Serra Pelada. Os resultados deste estudo demonstram que, apesar das personagens femininas estarem inseridas em espaços excludentes e em um sistema patriarcal, elas criam seus próprios mecanismos de resistência.