OS DISCURSOS SOBRE LINGUA NACIONAL NA POLÊMICA ENTRE PAULINO DE BRITO E CANDIDO DE FIGUEIREDO
Língua nacional. Brasileirismo. Signo ideológico. Valoração.
Esta dissertação tem como objetivo principal analisar as relações ideológico-valorativas sobre língua nacional nos enunciados de paulino de Brito e Candido de Figueiredo. No final do século XX, Paulino de Brito travou uma discussão polêmica com o gramático português, Candido de Figueiredo a respeito da legitimidade da língua nacional. Da polêmica resultaram três obras que, são constituídas por discursos que reverberam as ideologias e valorações em torno da questão da língua nacional, naquele período histórico. Desse modo, para alcançar o objetivo geral que se propõe, são mobilizados os seguintes objetivos específicos: a) entender o contexto sócio-histórico cultural em que o movimento em defesa da língua nacional ganha expressividade no Brasil; b) analisar a concepção de língua nacional como signo ideológico nos enunciados de Paulino de Brito e Candido de Figueiredo; c) analisar como a ideologia e seu tom valorativo/avaliativo legitimam os discursos sobre a língua nacional na polêmica entre Paulino de Brito e Candido de Figueiredo. Posto isso, assume-se como hipótese que os enunciados de Paulino de Brito e Candido de Figueiredo são atravessados por relações ideológico-valorativas que, se mostram convergentes com as ideologias e valorações sobre o movimento da língua nacional no final do século XIX e início do século XX. Esta pesquisa, se âncora teórico e metodologicamente nos escritos do Círculo de Bakhtin, portanto, assume-se uma visão dialógica da linguagem. Na análise do corpus são mobilizados os estudos da Análise Dialógica do Discurso (ADD), uma abordagem que, permite ao pesquisador uma postura dialógica em relação aos dados da pesquisa. Os resultados da análise preliminar demonstram que o sentimento nacionalista em torno da questão linguística foi um movimento incorporado, principalmente, pela elite brasileira que tencionava pela valoração da língua nacional como construção do estado-nação e consequentemente da identidade da sociedade brasileira. Ademais, a partir do movimento dialógico inicial entre os discursos do autor português e o autor brasileiro, compreende-se que o signo ideológico língua nacional é posto até certo ponto sob perspectivas diferentes, contudo é possível notar que ideologicamente Paulino de Brito está alinhado à língua nacional como identidade, mas ocupa o mesmo lugar de Figueiredo, de norma, determinada por um padrão, por aquilo que, é ou não, legitimado como variação do português brasileiro. Assim, Brito assume uma posição excludente em relação aos registros da fala brasileira.