ANÁLISE PERCEPTUAL DA VARIAÇÃO PROSÓDICA NO PORTUGUÊS FALADO EM BELÉM
AMPER POR . Prosódia. Análise Perceptual. Variedade dialetal Belém
O presente trabalho de dissertação de Mestrado tem como objetivo principal a validação das análises acústicas da variedade dialetal do português falado na capital paraense, a partir de um estudo fonético-perceptivo. As investigações perceptuais realizadas neste trabalho correspondem a nova frente de atuação do projeto Atlas Multimídia Prosódico do Espaço Românico – Língua Portuguesa (AMPER-POR), por se tratar de um estudo vinculado ao projeto em questão. Especificamente neste trabalho, o estudo perceptual contribui para estabelecer e identificar as características prosódicas relacionadas aos contornos entoacionais na variedade de Belém, assim como os parâmetros prosódicos pertinentes associados com a oposição entre declarativa e interrogativa total, e das pautas acentuais investigadas. Sendo assim, foram utilizados como estímulos, para a realização dos testes perceptuais, os dados de Belém, extraídos do corpus fixo AMPER, que já contam com a descrição acústica completa. Os resultados acústicos demostraram que a frequência fundamental (f0) mostrou-se um parâmetro determinante na caracterização das distinções dos enunciados declarativos e interrogativos. E ainda, as variações mais importantes ocorrem preferencialmente na sílaba tônica do elemento nuclear do sintagma final do enunciado, sendo este o foco das investigações perceptuais. Estudos mais recentes demonstam que os parâmetros duração e intensidade estão mais associados a discriminação do tipo de pauta acentual. A revisão de literatura direciona-se aos estudos prosódicos da variedade de Belém (BRITO, 2014; CRUZ; BRITO, 2014; CARDOSO; CRUZ; BRITO, 2017; CARDOSO, et al, 2019), bem como aos estudos perceptuais sobre variação Prosodica Dialetal do projeto AMPER-POR (REI, MOUTINHO, COIMBRA, 2014; MILLAN E KLUGE, 2015; NUNES, 2015; CARDOSO, 2020). Esta pesquisa tem como base teórica a Sociofonética (FOULKES, 2006; FOULKES; SCOBBIE; WATT, 2010; VIEIRA, 2017; CARDOSO, 2020), Percepção da Fala (BERTI, 2008; GAZZANIGA; IVRY; MANGUNL, 2006; ROBBINS, 2002; MARRERO, 2001; RUSSO & BEHLAU, 1993) e Dialetologia Perceptual (PRESTON, 1989; BRANDÃO, 1991; BORBA, 1976; CARDOSO, 2010; FERREIRA, 2009). Na metodologia, para a aplicação dos testes perceptuais utilizou-se como suporte a plataforma online Google Forms. Foram selecionados 80 juízes nativos de Belém, levando-se em consideração as variáveis de: sexo (masculino e feminino) e status (experts e naives), referente a escolaridade dos participantes, que neste estudo voltou-se para o nível superior de ensino. Os juízes efetuaram cinco tipos de testes contendo os estímulos tonais. Os testes tratam sobre a identificação dialetal, de
modalidades entoacionais e reconhecimento da atuação dos parâmetros prosódicos quanto a sua modalidade e ao tipo de acento lexical. O tratamento estatístico foi realizado por meio do modelo não paramétrico Qui-Quadrado (x²) e regressão logística a partir do modelo de Critério de Informação de de Akaike (AIC) com interpretações por meio de stepwise e odds ratio, visto que servem para avaliar e validar quantitativamente a distribuição esperada para o fenômeno e o resultado de um experimento.