O SAGRADO SE REVELANDO EM A PAIXÃO SEGUNDO G. H., DE CLARICE LISPECTOR
Manifestação do sagrado; Literatura e sagrado; Objeto sublime; A paixão segundo G. H.; Crítica literária.
O presente trabalho propõe a discussão acerca da manifestação do sagrado, como uma chave de leitura, na obra A paixão segundo G. H., publicado em 1964, pela artista Clarice Lispector. Em contato com a obra pôde-se perceber algumas estruturas que quando alinhadas proporcionam uma figuração aproximada daquilo que se caracteriza enquanto efeito do divino. De acordo com Benedito Nunes (1995) a travessia da qual a protagonista e narradora, identificada apenas pelas suas iniciais, participa é vista como um itinerário místico. A barata, inseto que tem participação decisiva na vida de G. H., é parte desse itinerário, como observa o autor, é somente através do inseto que a protagonista alcança o clímax da sua existência. Assim, a discussão observa a figura da barata enquanto elementar para a reconstrução da personagem, tomando-a como um objeto sublime, cheio de representações, que acarreta no seu contato com a atmosfera divina. A protagonista assistiu a sua vida sendo ruída e, em seguida, sendo reconstruída, ato que é lido como uma repetição da cosmogonia, tratada por Mircea Eliade (2018). Desta maneira, congrega-se com a discussão proposta por SCHILLER (2016) acerca do sublime, recepcionando a discussão de Mircea Eliade (2018) sobre o sagrado, dialogando com os críticos Benedito Nunes (1995, 2009), Evando Nascimento (2012), Yudith Rosenbaum (2006), Emília Amaral (2005) e outros, no intuito de partilhar esta discussão acerca da manifestação do sagrado na obra A paixão segundo G. H. de Clarice Lispector.