CRÍTICA, ENSAIO & MEMÓRIA EM ENEIDA: AS INTERFACES DAS CRÔNICAS PUBLICADAS NO DIÁRIO DE NOTÍCIAS (1951-1960)
Crônica, Ensaio e Memória; Crítica Biográfica, Genética e de Rodapé; Geração Modernista Pós-1945.
A presente tese versa sobre as crônicas da escritora ENEIDA (1903-1971), publicadas
na coluna Encontro Matinal, do jornal Diário de Notícias, entre 1951-1960. O corpus
encontrado em fontes primárias exigiu estudos nas áreas da Crítica Genética, Biográfica
e dos Estudos Culturais. O trabalho apresenta um perfil inédito da autora, pois referenda
a Crítica de Rodapé, o ensaísmo e a memória da Geração Pós-1945. A tese comprova
que mesmo em um espaço exíguo, as crônicas acompanharam a vida cultural do Brasil,
mostrando que esse gênero esteve em destaque no cenário da crítica daquela época. A
escritora é estudada como animadora cultural, que promoveu as tardes de autógrafos e o
Baile dos Pierrôs, como formas de congraçamento entre seus confrades. Praticou o
Reviewing e como resenhista defendeu a popularização da crítica por meio dos jornais.
Fez parte de um grupo de escritores que se manifestou a favor da descolonização
literária e que Angel Rama denominou de a República das Letras, cujo foco era a
socialização dos saberes, a divulgação dos acontecimentos literários e culturais. Na
pesquisa são abordadas as três interfaces da crônica eneidiana: a crítica, o ensaio e a
memória. A crítica se desdobra em dois aspectos: a cultural e a literária. A crítica ou o
jornalismo cultural se realiza na interpretação de fatos culturais, na opinião, na análise
de obras literárias e artísticas e no debate de ideias. Com o estilo cocktail, a escritora
interpreta as obras, decodifica os diferentes textos artísticos, estabelece relações com o
contexto sociocultural, o político, o econômico, incentivando a interlocução entre o
ofício de escrever e a sociedade. A crônica-ensaística ou o ensaísmo caracteriza-se por
reforçar o papel de publicista contemporânea da escritora, refletindo sobre a liberdade
de expressão, a ética do pensar, o engajamento, a interpretação dos problemas
socioculturais do Brasil e a proposição de soluções diante de preconceitos e do
provincianismo. A pesquisa igualmente contribui para revelar uma parte da memória
intelectual, cultural e literária da Geração Modernista Pós-1945, a Geração dos Anos
Dourados ou a Geração de ENEIDA.