DO ABISMO À VERTIGEM DO ENLACE: POR UMA POÉTICA DA CONTINUIDADE EM MAX MARTINS
Max Martins; Dimensão erótica; Caminho de Marahu; Marahu Poemas; Colmando a lacuna.
Este trabalho consiste em pensar a poesia de Max Martins a partir de sua dimensão erótica. Para isso, partimos de duas importantes perguntas: como a experiência erótica é acessada poeticamente? E atrelada à primeira, uma segunda: o que desencadeia com isso, de acordo com as formas ou inclinações que o fenômeno erótico encena no trabalho poético? Frente a isso, nos interessa pensar estas questões a partir de itinerários, chaves de leitura, que encaminham para a hipótese do trabalho que entende o poema como um instante erótico (aqui chamada de Poética da Continuidade). Assim, depreendemos três itinerários: o gozo, os cinco sentidos e a nudez, elementos imprescindíveis aos seus poemas eróticos e que interagem a todo momento, sendo também elementos predominantes das três obras: Caminho de Marahu, Marahu Poemas e Colmando a lacuna, escolhidas por representarem o momento mais produtivo de sua poética. Compreendemos que esses três itinerários fazem parte, em suma, de uma experiência erótica; no entanto, nos poemas de Max Martins, eles são realçados e acentuados, fisgando o leitor para uma outra forma de relação com o poema. Para o autor paraense, com efeito, o ato poético é um ato erótico, envolve angústia e êxtase. O poeta encara o poema como um espaço de intimidade e desvendamento do corpo, criando com isso uma poética do desejo, iluminada pelos itinerários que ativam e constituem o rasgão erótico. O aporte teórico que ilumina esta leitura decorre das propostas formuladas por Georges Bataille, em O erotismo e A experiência Interior, que pensa o fenômeno erótico como o extremo da consciência, como aquilo que concilia em si os estados dissonantes que compõem a existência humana. Alguns dos conceitos que articula e que tomaremos como base para a pesquisa são o de interdito, transgressão, descontinuidade e continuidade. Contribuem também para essa abordagem as formulações de Octavio Paz, Michel Leiris, Michel Foucault, no que tange as concepções que abordam o momento de fusão erótica. Paralelamente, será pensada a conexão entre erotismo e poesia como fenômenos fundados pela imaginação a partir de Eliane Robert Moraes e Benedito Nunes. Busca-se assim estudar como Max Martins articula, sob a forma da nudez e do apelo aos sentidos, o gozo como efeito pulsante de sua poética.