MICROATLAS LINGUÍSTICO (PORTUGUÊS-KHEUOL) DA ÁREA INDÍGENA DOS KARIPUNA DO AMAPÁ
Dialetologia Contatual; Geolinguística; Atlas Linguístico; Amapá.
A Tese em questão é de caráter inédito, cujo objetivo principal concerne em elaborar o
microatlas linguístico (português-kheuól) da área indígena pertencente aos Karipuna do
Amapá, como forma de apresentar a configuração da variação lexical em área de fronteira e
em comunidades tradicionais bilíngues. Como revisão da literatura, discutem-se questões
sócio-históricas e culturais sobre a etnia Karipuna do Amapá e os postulados das áreas de
Contato Linguístico e Dialetologia. A pesquisa adotou como principal pressuposto teórico-
metodológico a Dialetologia Pluridimensional e Contatual (ALTENHOFEN; THUN, 2016),
doravante Dialetologia Contatual, além de retomar conceitos basilares da área de Contato
Linguístico e Geolinguística. Como objeto de estudo tem-se a variedade do português falado
no Oiapoque (AP) e o kheuól, variedade de base francesa falada pelos indígenas Karipuna do
Amapá. As dimensões controladas neste trabalho são: diatópica, diassexual, diageracional e
dialingual. Para cada uma foram delimitados parâmetros que auxiliaram na descrição
variacional e na elaboração de mapas linguísticos que compõe o microatlas. Deste modo,
foram entrevistados 36 informantes oriundos das seguintes aldeias da etnia Karipuna,
equivalentes aos pontos linguísticos: 01 - Manga, 02 - Santa Izabel, 03 - Espírito Santo, 04 -
Açaizal, 05 - Curipi, 06 - Kariá, 07 - Ahumã, 08 - Ariramba e 10 - Kunanã. As localidades
estão dispersas em três Terras Indígenas: Uaçá, Galibi e Juminã. A maior concentração dos
Karipuna está localizada na Terra Indígena Uaçá. Para obtenção dos resultados, a priori,
foram realizadas análises sobre o perfil social e sociolinguístico dos Karipuna, e, em seguida,
a análise das cartas lexicais confeccionadas para o segundo volume deste trabalho. As cartas
evidenciam a configuração da variação lexical do português e do kheuól, variedades de
contato, por meio das quais é possível notar a interinfluência de ambas as variedades, com
destaque para a sobreposição de variantes lexicais do Português local sob o léxico do kheuól.
Com base nos resultados apresentados, confirma-se a tese de que a partir do mapeamento
lexical, sob a perspectiva da Dialetologia Contatual, há forte presença do português falado no
Amapá, tendo-o como variedade dominante nas sociedades indígenas da região do Oiapoque,
sobretudo nas áreas que correspondem ao grupo dos Karipuna do Amapá.