CORPO TEMPO E TRADIÇÃO NA PROSA DE RADUAN NASSAR
Raduan Nassar; Corpo; Transgressão; Tradição; Tempo.
O presente trabalho parte do estudo da prosa literária de Raduan Nassar para desdobrar questões vinculadas à construção da linguagem, aos conflitos do corpo e aos interditos da lei e da religião sustentados no interior de uma comunidade patriarcal, como as representadas em Lavoura arcaica, Um copo de cólera e em “Menina a caminho”. Assim, pretendo problematizar questões relativas ao excesso e à desmedida do corpo, no que diz respeito à transgressão dos interditos da norma e dos valores regulados por comunidades fechadas. Além disso, objetivo investigar de que maneira o tempo e a tradição interferem na transformação dos sujeitos representados na obra de Nassar. Para atingir esses objetivos, concentro-me nas concepções teórico-filosóficas de Georges Bataille no que se refere à apreciação das questões sobre o corpo, excesso, transgressão e linguagem. Corroborando com essa discussão, concilio as leituras de Michel Foucault sobre essas duas últimas concepções. E, para ampliar a discussão sobre a ideia de norma e lei, utilizo o conceito de Giorgio Agamben sobre exceção. Entretanto, destaco que o desenvolvimento desta tese articula intertextos míticos, bíblicos e poéticos, manifestados nos discursos da narrativa do romance por meio da poética de Raduan, fundando assim um olhar em torno do entendimento de tradição e tempo, como meio reflexão da lei e da religiosidade dos problemas que envolvem a natureza histórico-social do homem. Assim, pretendo apontar possíveis respostas sobre os desdobramentos do corpo, erotizado e transgressor, e dos interditos da lei e da tradição encenados no campo da linguagem nassariana.