ESTUDO DOS TOPÔNIMOS DE ORIGEM TUPINAMBÁ DO MUNICÍPIO DE BRAGANÇA/PA
Toponímia; Tupinambá; Língua Geral Amazônica; Língua Portuguesa; Taxeonomia; Morfologia; Fossilização.
Esta pesquisa teve como objetivo principal estudar a toponímia de origem Tupinambá do município de Bragança/PA, situado na Microrregião Bragantina e pertencente à Mesorregião do Nordeste Paraense, a partir de 146 topônimos, coletados nos seis distritos do referido município: Bragança (sede), Caratateua, Tijoca, Nova Mocajuba, Almoço e Vila do Treme. Justifica-se não apenas pelo número reduzido de pesquisas acerca dos topônimos de origem Tupinambá no estado do Pará, especificamente no Município de Bragança, como também colabora para a memória bragantina, além de auxiliar o linguista na compreensão da constituição do espaço, processos de povoamento e cultura local, bem como evidencia a fauna e a flora local. Os dados foram coletados (i) no Mapa Político do município, proveniente do Programa de Integração Mineral em Municípios da Amazônia (Primaz), do Ministério de Minas e Energia, (ii) em 120 croquis, cedidos pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa) do município, e, posteriormente, (iii) validados por 12 informantes, sendo dois de cada distrito. A fundamentação teórica baseia-se na Lexicologia, com Vilela (1994), Turazza (2005) e Abbade (2011); na Morfologia, com Silva e Koch (2001), Kehdi (2006) e Câmara Jr (1977); na Semântica Lexical, com Ullmann (1961) e Marques (2001); na Toponímia, com Dick (1992), Almeida (2011) e Isquerdo (2008). A análise, descrição e classificação dos dados coletados estão alicerçadas nos dicionários e vocabulários da LGA e da LGP, com Stradelli (2014), Cunha (1978), Sampaio (1987), Seixas (1853), Vocabulário na Língua Brasílica (1938), Dicionário Anônimo da Língua Geral do Brasil (1896) e Dick (1992). O resultado obtido no estudo foi a constatação de que: (1) A Língua Portuguesa (LP) foi usada como instrumento de nomeação da toponímia bragantina de origem Tupinambá, com evidentes empréstimos junto à Língua Geral Amazônica (LGA); (2) Houve uma considerável preferência à nomeação por acidentes geográficos de natureza antropo-culural (humana), evidenciando 73 (50%) e 5 (3,42%) designativos para o acidente Comunidade e Vila (espaço físico habitado), respectivamente, seguidos pelos de natureza física, como Rio e Igarapé, com 30 (20,54%) e 13 (8,90%) ocorrências, respectivamente; (3) A taxeonomia da toponímia Bragantina de origem Tupinambá evidenciou elevada classificação para designativos relacionados à flora, com 56 ocorrência relacionadas à taxe dos fitotopônimos (38,33%), seguida pelos designativos ligados à fauna, com 32 ocorrências relacionadas à classe dos zootopônimos (22,58%); (4) Todos os topônimos apresentam-se, hoje, opacos, sendo referenciados apenas por seu significado atual, o que os tornam fossilizados; (5) As mudanças fonéticas da toponímia indígena bragantina de origem Tupinambá evidenciaram os fenômenos da anteriorização (y>i) em relação à posteriorização (y>u), além da consonantização (i>j e u>b), que auxiliaram na identificação da LP como língua de nomeação; (6) A composição morfológica mais evidente foi a do formante simples em LGA, seguida pela composição composta em LGA/LGA e simples com sufixação de tyba.