REPRESENTAÇÕES DA AFRODESCENDÊNCIA NA BELÉM MODERNISTA
Cidade; Afro-amazonidade; Modernismo.
O presente trabalho faz uma leitura das manifestações afro-amazônicas profanas e
sagradas na cidade Belém na passagem do século XIX para o XX, e nas primeiras
décadas deste, a partir das obras Gostosa Belém de Outrora (1965), de José de Campos
Ribeiro, Belém do Grão Pará (1960), de Dalcídio Jurandir, e Batuque (1931), de Bruno
de Menezes, observando como os referidos autores, a partir de vivências e pesquisas,
conseguiram criar obras que reinseriram no espaço da cidade os grupos minoritários
afro-amazônicos que haviam sido ocultados pelos grupos majoritários do período da
belle époque amazônica, que se deu durante o ciclo econômico gomífero, tendo tais
comunidades sido ocultadas da narrativa de conformação da cidade, além de terem sido
sujeitos a dispositivos disciplinares e repressores. Houve no referido ciclo um
agenciamento enunciativo de essencialidade euro-indígena, alimentada por meio de uma
produção artística comprometida com o aparelho de Estado. Interessa para este trabalho
o que as referidas obras possuem de Literatura Menor, trabalhando com os signos afroamazônicos
e criando devires minoritários que questionaram genealogias de origem
geradoras de racismos e hierarquias, que diminuíram a participação afrodescendente na
história da Amazônia. Como ferramentas para a leitura das obras estudadas serão
utilizados os Estudos Comparativos, bem como os Estudos Culturais, numa perspectiva
transdisciplinar.