A persona severina: testemunho, memória e resistência
persona severina; literatura; testemunho; memória; resistência; Nordeste.
Nesta tese investigo como as narrativas artísticas, desde fins do século XIX, tem criado e ressignificado imagens identitárias para os nordestinos, tendo o Nordeste como território de pertencimento forjado, enquanto imagem, a partir de memórias de um passado traumático. Para tanto, proponho uma nova categoria de análise dentro dos estudos literários e do testemunho, a persona severina. Defendo que é necessário compreender essas representações identitárias como fragmentos em travessia no mundo narrado, as quais integram, em sua composição identitária, traços testemunhais e de resistência, que trazem à superfície sua natureza fragmentária e múltipla. A pesquisa se move a partir da leitura de narrativas no campo da literatura, do cinema, da pintura, da fotografia, da música e da poesia para, a partir de um trabalho de análise comparada, esmiuçar as formas de resistência e o gesto testemunhal empreendido nas mais diferentes criações imagéticas que figuram o corpus. Para pensar a persona severina como categoria literária, o caminho teórico é atravessado por um movimento metafórico inaugural que se baseia nos poemas O cão em plumas (1950), O rio (1953) e Morte e Vida Severina (1955), do poeta João Cabral de Melo Neto.