Fluência em leitura oral, compreensão e hábitos de leitura: influência da Leiturabilidade no desempenho em textos narrativos e informativos
Fluência em leitura oral; Leiturabilidade; Hábitos de leitura; Curriculum-based measurement
Este trabalho tem como objetivo investigar, a partir de duas dimensões da Fluência em leitura oral (velocidade e precisão), o desempenho de alunos do 6° e 9° ano do ensino fundamental de escolas públicas e particulares de Belém durante a leitura oralizada de textos narrativos e informativos (extraídos de livros didáticos designados para ambos os anos), com diferentes níveis de Leiturabilidade. Moutinho (2016) apontou em sua pesquisa que o desempenho dos alunos em relação à precisão na leitura oral nos dois tipos de textos é diferente, corroborando pesquisas anteriores (PAIGE et al., 2015). Para avaliar com maior profundidade este desempenho dos alunos, utilizou-se o método Curriculum-based measurement (CBM), que determina que um minuto de leitura oral de textos apropriados para o ano escolar em que os aluno se encontram é suficiente para que o desempenho global em leitura possa ser avaliado. Contudo, é preciso determinar se os textos utilizados para esta avaliação estão realmente adequados ao nível de desenvolvimento dos alunos. Moutinho e Picanço (2022) viram que há uma grande diferença na complexidade textual de textos presentes em livros didáticos do ensino fundamental (do 5° ao 9° ano especificamente). Dessa forma, para conseguir avaliar o desempenho de forma mais confiável, recorreu-se ao índice de Leiturabilidade de Flesch, adaptado para o português (MARTINS et al., 1996) na ferramenta Coh-Metrix (SCARTON; ALUÍSIO, 2010). A pesquisa foi realizada em sete escolas da região metropolitana de BelémPA, sendo quatro escolas particulares e três escolas públicas. Cada aluno leu dois textos narrativos e dois informativos, sendo um texto mais simples e outro mais complexo, de acordo com o índice de Flesch. Além disso, para aferir a compreensão dos alunos, ao término de cada leitura, os participantes recontaram o que tinham lido nos textos e também relataram, em uma entrevista semiestruturada, seus hábitos de leitura. Os resultados foram divididos de acordo com as diferentes tarefas feitas. Para a avaliação das dimensões da velocidade/automaticidade e da precisão, verificou-se que ambos os anos escolares estão abaixo do nível estipulado por pesquisas e órgãos oficiais. Houve uma diferença entre a leitura de textos narrativos e informativos e entre textos simples e complexos para o 6º ano, enquanto que para o 9º ano as diferenças foram inversas, sendo os textos complexos lidos com melhor desempenho que os simples. Na tarefa de compreensão, os resultados mostram que a maioria dos alunos teve dificuldade em recontar o que leram, especialmente os do no 9º ano, obtendo porcentagens menores de menções das proposições em relação ao 6º ano. Quanto aos hábitos de leitura, a maioria dos alunos de ambos os anos afirma ler em casa e receber incentivo para a leitura. Tanto a tarefa de compreensão quanto os hábitos de leitura não tiveram correlação estatisticamente significativa com o desempenho em relação à precisão na Fluência em leitura oral, embora os dados possam indicar possibilidades de intervenção que contemplem as três variáveis para que se promova um desenvolvimento no desempenho em leitura.