HAMLET E CAETÉS: OS HERDEIROS DO ÉDIPO FREUDIANO
Édipo freudiano. Hamlet. Caetés. Comparação
Édipo Rei é uma peça trágica de Sófocles que ganha notoriedade no âmbito literário após a denominação de complexo de Édipo, fornecida pelo psicanalista Sigmund Freud sobre as ações da personagem que dá nome a peça. Freud desconsidera o fato de a obra sofocliana está pautada no destino e afirma que o complexo de Édipo se encontra no desejo latente que a personagem principal tem em cometer o parricídio e realizar o incesto com a mãe. Freud desenvolveu essa teoria a partir de estudos de sonhos de seus pacientes que tinham algum problema emocional. Neles o psicanalista constatou que o problema vinha de algum desejo que o paciente teve durante a infância e o reprimiu com o passar do tempo, porém, tal desejo volta a se manifesta na fase adulta, mas dessa vez por meio de um sonho. Freud salienta que o desejo reprimido normalmente é um objeto condenado pela moral, como o direcionamento do desejo de morte pelo pai e desejo sexual pela mãe. Freud argumenta que além do sonho, o complexo de Édipo pode se manifesta na literatura, e aponta Hamlet como exemplo. Segundo o psicanalista Shakespeare sofria desse mal e transferiu suas emoções para Hamlet, e acusa a personagem ficcional de ser o reflexo de seu autor. Baseado nos estudos de Freud, Lamberto Puccinelli, nos traz outra obra literária, na qual o complexo de Édipo se faz presente, se trata de Caetés de Graciliano Ramos. Nesta obra, Puccinelli, também, argumenta que esta criação artística é o reflexo dos conflitos emocionais do autor. No entanto, a forma, como o complexo de édipo é retratado no romance se destaca mais que os objetos particulares do autor. Na obra gracilianica, a personagem central vive um conflito em ser ou não ser um selvagem, para somente assim se envolver com a esposa de seu patrão, que o trata como filho. Baseado na teoria do Édipo Freudiano, e nos relatos de sua presença em Hamlet e Caetés, esta pesquisa traz um estudo comparado entre as duas obras. Para esse estudo, são apresentados os comentários de Tânia Carvalhal (2006) e Sandra Nitrini (2000) sobre o comparativismo clássico, que tem como base o texto fonte e suas influencias, com o intuito de demostrar as relações convergentes e divergentes entre as obras. Primeiramente, é evidenciando os aspectos do complexo de Édipo que ligam Édipo Rei a Hamlet e Caetés, por meio de estudos de Jaques Lacan (1986) e de Lamberto Puccinelli (1975) respectivamente, e posteriormente a isso, são evidenciados seus pontos convergentes e divergentes entre Hamlet e Caetés, feitos com o auxílio do método comparativo adotado para esta pesquisa em junção com uma revisão literária das obras. Desta forma, podemos considerar que a originalidade de Hamlet e Caetés em relação a Édipo, está na consciência de suas personagens centrais. Enquanto, o Édipo freudiano não tinha consciência de suas ações, Hamlet e João Valério tinham. Contudo, um aspecto de Caetés o diferencia de Hamlet, a culpa que João Valério não sentia por seus atos.