PROPOSTA INICIAL DE UM GLOSSÁRIO ETNOTERMINOLÓGICO DA FAUNA EM PARESI (ARUÁK) – PORTUGUÊS
Etnoterminologia. Fauna. Glossário. Paresi.
A Etnoterminologia visa estudar os termos observados nos discursos de especialidade de uma comunidade tradicional. Diante disso, este estudo visa apresentar questões relativas à elaboração inicial de um glossário etnoterminológico bilíngue, a partir dos termos presentes no campo semântico da fauna que emergem dos discursos de especialistas denominados na sociedade Paresi como otyahaliti ‘sábios’, representados neste estudo a partir da figura dos Iyawitseko (Caçador); Zeratiyatane (Cantor); Zakainakatyare (Contador de narrativas orais); Waidyatare (Pajé); Zoimiazawenakitsasehalo (Parteira) e Zaotyakitsatidyoye (Professores), considerados exímios detentores dos conhecimentos tradicionais da língua e cultura Paresi (Aruák). O Paresi é uma língua indígena falada por uma comunidade de mesmo nome, pertencente à família linguística Aruák, falada por uma comunidade de aproximadamente 3.000 falantes (BRANDÂO, 2014), sendo 90% desta, falantes da língua e bilíngues em sua maioria, localizados no estado do Mato Grosso, na faixa do cerrado amazônico, a aproximadamente 500 km da capital Cuiabá. Este estudo está ancorado nos pressupostos teórico-metodológicos da Socioterminologia à luz do pensamento de Gaudin (1993) e Faulstich (2012); e da Etnoterminologia estabelecida em Costa e Gomes (2011) e Costa (2013; 2017), os quais se adequam à elaboração do glossário ora proposto. Os dados para análise foram obtidos por meio do processo de elicitação a partir da aplicação de questionários com imagens relativas à fauna, realizada em viagens de campo às comunidades em que a língua é falada e utilização do banco de dados da língua disponível no software computacional Fieldworks Language Explore (Flex). Este estudo ajudará no processo de descrição e documentação linguística das línguas indígenas brasileiras no âmbito da Etnoterminologia, bem como contribuirá para fins de inserção de dados no banco de dados da língua em análise, como forma de registro, documentação, preservação e valorização dos saberes linguisticos e socioculturais existentes nas línguas indígenas.