A CONTÍSTICA DE GUIMARÃES ROSA: ANTIRREALISMO OU CRITICA AO REALISMO EM CONTOS ESCRITOS ENTRE 1962 E 1967
Guimarães Rosa. Realismo. Mímesis. Estórias.
Este trabalho está voltado para as particularidades da poética de determinadas estórias escritas por Guimarães Rosa – reunidas nas coletâneas Primeiras estórias (1962); Tutaméia (1967); Estas estórias (1967) – e os limites do realismo neste universo textual. Cumpre, então, refletir acerca do trabalho do artista frente à realidade que lhe é apresentada, “material” passível de ser moldado, em meio a diferentes possibilidades, posto que a atividade de criação literária se constitui de processos de experimentação e/ou de contestação, que se refletem em seu produto final, a obra, em interação com o leitor de diferentes épocas. Nesse sentido, a noção de imitação tem sido um importante parâmetro da arte literária, ora refutada, ora defendida, quando não abandonada. A atenção também recai sobre a história da representação poética da realidade, particularmente na literatura ocidental. Assim sendo, o que se discute é a própria relação do texto literário com o mundo, seja como forma de representá-lo de forma realista, o que culminou na origem do Realismo, seja no sentido de romper com essa tradição, o que remete, de início, ao Modernismo. Desse modo, o objetivo consistiu em apresentar uma reflexão sobre a literatura, a percepção da realidade e o imaginário na ficção contemporânea, com foco na obra de Guimarães Rosa, e no que, a princípio, foi denominado “(anti)realismo” presente em alguns de suas estórias, sendo assim, refletir sobre os diferentes elementos e procedimentos identificados e examinados, considerando, também, a relevante recepção crítica de seus contos. Para isso, esta tese fez uso de uma metodologia de natureza básica, enfoque qualitativo e procedimentos de investigação bibliográfica, respaudada teoricamente em considerações de diferentes autores, da antiguidade ao contemporâneo. Em síntese, constatou-se que os contos analisados seguem três conceitos, ou procedimentos, a subversão, a reelaboração e a transmutação do realismo.