A METAFICÇÃO HISTORIOGRÁFICA EM UANHENGA XITU, MÁRCIO SOUZA E JOSÉ CARDOSO PIRES: UMA ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE LITERATURAS DE LÍNGUA PORTUGUESA
Márcio Souza; Uanhenga Xitu; José Cardoso Pires; Metaficção historiográfica; Literatura Comparada.
O presente trabalho tem como propósito refletir sobre as diferentes dimensões que o fato histórico assume no âmbito da ficção na literatura angolana, portuguesa e brasileira. O corpus de análise se pauta em Mestre Tamoda, de Uanhenga Xitu, Balada da praia dos cães, de José Cardoso Pires e Galvez, imperador do Acre, de Márcio Souza. Isso porque nessas narrativas verossímeis, percebe-se um acontecimento histórico constitutivo do fazer literário. Ademais, demonstrar-se-á como essas construções literárias de diferentes sociedades, neste caso, africana, portuguesa e brasileira realizam por intermédio da literatura textos originais representantes de posicionamentos. Nesse sentido, esta tese propõe analisar sobre as relações paradoxais entre literatura e história, nas obras mencionadas, de forma a demonstrar como esses itens estão permeados na narrativa dos escritores, a ponto de se libertarem da imposição da história. Assim, na possibilidade de estudos comparados com outras áreas do conhecimento, o que ora se propõe é uma análise comparativa de textos da literatura portuguesa em cuja latência nota-se o conspecto da história seja ela oficial ou não. Trata-se, portanto, de uma investigação de caráter bibliográfico, com ênfase na discussão sobre as relações entre literatura e realidade. Por este caminho, analisaremos os romances de Márcio Souza, José Cardoso Pires e Uanhenga Xitu, que refletem sobre o próprio processo de elaboração artística e, ao mesmo tempo, utilizam a história para contestar sua veracidade. Para a realização da pesquisa, a metodologia consiste na análise comparativa de obras literárias e historiográficas que dialogam sobre a temática. Logo, observa-se a metaficção historiográfica à luz dos estudos de Linda Hutcheon (1991) e estudiosos como Zênia de Faria (2012), Maria Tereza de Freitas (1986). Além disso, tratamos da Literatura Comparada por meio de Coutinho (2006).