O SILÊNCIO DA MODERNIDADE EM A MAÇÃ NO ESCURO E EM GRANDE SERTÃO: VEREDAS
Silêncio; Modernidade; A maçã no escuro; Clarice Lispector; Grande Sertão: Veredas; Guimarães Rosa.
Este trabalho pretende refletir sobre o silêncio como particularidade da modernidade. Em nossa abordagem, utilizaremos os romances A maçã no escuro (1985), de Clarice Lispector (1920-1977), e Grande sertão: veredas (1956), de Guimarães Rosa (1908-1967). Para isso, aproximaremos as narrativas numa perspectiva que se dá, sobretudo, pela leitura da existência da imanência do silêncio nos romances — Mallarmé (1945), Blanchot (1987), Barthes (1971), Steiner (1988), Wittgenstein (1961). Assim, como temática da modernidade, — Jauss (1996), Berman (1995), Moraes (2017), Benjamin (1975), Baudelaire (2010) — o silêncio se coloca em ambos os textos como amálgama do projeto ficcional dos autores. Nesse sentido, nossa proposta é interpretar como o silêncio, ou ainda, o indizível, projeta-se como forma na narrativa. Da questão inominável para uma forma, portanto, o silêncio se coaduna como marca da crise da linguagem na modernidade, em que os romances de Rosa e Lispector são representativos. Nossa discussão, em suma, tem como objetivo mostrar como a temática em questão torna-se parte da estruturação dos romances, perfazendo-se em tópica moderna, ao evidenciar o indizível em matéria de expressão artística. Por fim, este trabalho pretende demonstrar que o silêncio não se manifesta como ausência, mas como presença de questões que se projetam em diversos outros temas, como o informe, o selvagem e o indizível, os quais são “ordenadas” como matéria narrativa — Bataille (2008), Derrida (2012; 2002) e Nascimento (2014). Estamos, pois, no terreno do limite da palavra.