A MEMÓRIA COMO RESISTÊNCIA DE GÊNERO NA AMÉRICA LATINA: A MULHER EM EVA LUNA E TROPICAL SOL DA LIBERDADE
Memória; Identidade; Gênero; América Latina.
Esta pesquisa tem como objetivo analisar as contribuições da memória diante das identidades femininas fragmentadas nos processos de escrita de Eva Luna, protagonistas do romance homônimo da chilena Isabel Allende, e Helena Maria, protagonista de Tropical Sol da Liberdade, romance da brasileira Ana Maria Machado. Para esse entendimento, foi escolhida uma abordagem feminista decolonial pautada nas teorias críticas feministas, materialistas e pós-coloniais, considerando, portanto, que mesmo processos individuais são perpassados pela socialização, o que envolve opressões oriundas tanto da misoginia quanto da colonialidade, tendo em vista o contexto latino-americano das personagens. Como embasamento, foram escolhidas apenas pesquisadoras latino-americanas, a partir das quais também são utilizadas bases teóricas mais clássicas e fundadoras de concepções muito importantes, como é o caso de Éclea Bosi (1994), base para a argumentação sobre memória, e seus diversos diálogos e apresentações com concepções de memória como as de Henri Bergson e Maurice Halbwachs. Quanto à memória atrelada à identidade, especialmente feminina, também foram utilizadas concepções de María Lugones (2019), Cecil Zinani (2013), Eni Samara (2001) que, juntamente com as concepções apresentadas por Tânia Sarmento-Pantoja (2014) e Susana Funck (2016), possibilitam pensar na literatura de e como resistência. Os resultados obtidos ainda são parciais, mas espera-se compreender os processos de memória, identidade e escrita como interligados especialmente aos fatores sociais nas construções dos romances, considerando a própria construção metodológica a que o trabalho de escrita da própria pesquisa está submetida.