O PODER COMO ELEMENTO ESTÉTICO NO ROMANCE CANDUNGA, NA NOVELA MARIA DAGMAR E NA POÉTICA DE BRUNO DE MENEZES
XXX
Sob a perspectiva de ser o poder um elemento estético de narrativas literárias, foi formulada a hipótese de que as relações dessa natureza se destacam como componentes da ação desenvolvida nessas obras. Nesse sentido, toma-se como suporte filosófico desta pesquisa o pensamento de Michel Foucault acerca do poder, abordado no livro Microfísica do Poder, como fonte de pesquisa, na tradução brasileira organizada por Roberto Machado, publicada em 2014. Relacionada ao conceito físico de estudo das estruturas microscópicas que compõem o ambiente social, a microfísica do poder tem como princípio a formação molecular da sociedade. Essa concepção se firma no poder que se manifesta nos mais variados níveis e diferentes pontos da rede social. Nessas circunstâncias, as obras literárias reproduzem essas relações na constituição da ação narrativa, e a literatura é tomada como arte que se apropria desse recurso na composição de seus personagens. Como objeto literário, considerou-se a produção do escritor paraense Bruno de Menezes, sobretudo em treze poemas, na novela Maria Dagmar e no romance Candunga, narrativa acerca do drama de refugiados nordestinos que se instalaram na região bragantina, em áreas próximas à estrada de ferro Belém-Bragança. Dividido em três capítulos, apresenta-se, no primeiro, as formas de manifestação do poder como prática social nos diversos níveis da sociedade; no segundo, aspectos biográficos do autor, com ênfase à sua trajetória de vida, enquanto sujeito atento aos problemas sociais, engajado em movimentos sindicalistas e cooperativistas, que trouxe essa vivência para sua obra, ressaltando, sobremaneira, a manifestação do poder em sua obra poética. O terceiro capítulo focalizará a prosa, com estudo mais direcionado ao romance Candunga, uma obra que evidencia as questões de poder, em especial aquelas envolvendo retirantes nordestinos que se instalaram na região bragantina, em confronto com os comerciantes locais.