Da promoção da cartografia das línguas indígenas da Universidade Federal do Oeste do Pará à construção de diretrizes para a política linguística institucional
Ensino Superior Indígena; Línguas indígenas; Política linguística; Cartografia linguística; Preconceito linguístico.
A Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) é a primeira universidade federal no Estado com sede no interior da Amazônia, na cidade de Santarém. O processo histórico de construção das políticas de acesso e permanência dos estudantes indígenas na universidade, estabelecido desde a sua fundação em 2009, demonstram o exercício de diálogo entre a instituição, os estudantes indígenas e o movimento indígena da região. No entanto, os dados de 2023 do Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas, disponibilizados pela Pró-Reitoria de Ensino de Graduação - PROEN/ Ufopa, apontam que o Índice de Rendimento Acadêmico (IRA) dos estudantes indígenas é baixo/insuficiente devido ao número excessivo de reprovações e retenções. Entre 2010 e 2023 ingressaram na Ufopa via Processo Seletivo Especial Indígena (PSEI) 857 (oitocentos e cinquenta e sete) indígenas, destes, 121 concluíram os seus cursos (SIGAA/Proen, 2023). Nesta tese, defende-se que a promoção institucional das línguas dos estudantes indígenas deve ser transformada em uma política de permanência em que a Política Linguística da Ufopa seja um instrumento. Para tal, realizou-se um estudo documental e teórico (SEVERINO, 2013) do processo de criação da Ufopa e das políticas de ação afirmativa voltadas para o ingresso e permanência dos estudantes indígenas, com o intuito de mapear como é desenvolvido o ensino superior em uma perspectiva indígena na instituição. Elaborou-se o projeto “Análise da percepção e avaliação da cartografia linguística dos povos indígenas da Ufopa: o desenvolvimento de uma metodologia institucional integrada na elaboração de diretrizes para a construção da política linguística indígena” que, por meio de uma metodologia integrada com ações nos âmbitos do ensino superior indígena (BANIWA, 2019), da pesquisa sobre análise da percepção e avaliação (OUSHIRO, 2021) das variantes faladas pelos discentes indígenas e da extensão (GADOTTI, 2017) com a colaboração de professores indígenas, visa sistematizar as diretrizes para a construção da Política Linguística institucional na perspectiva das línguas indígenas. O projeto recebeu financiamento total do Programa Integrado de Ensino, Pesquisa e Extensão, Edital PEEX Nº 001/2023 do Comitê Gestor de Programas Institucionais da Ufopa – CGPRITS/Ufopa, é coordenado em parceria com pesquisadoras do Programa de PósGraduação em Letras da Universidade Federal do Pará – PPGL/UFPA, com colaboração de professores indígenas, docentes e discentes indígenas dos campi da Ufopa localizados nas cidades de Santarém, Itaituba e Oriximiná. Na etapa de pesquisa documental do projeto, mapearam-se 21 (vinte e um) povos indígenas e 10 (dez) línguas indígenas no corpo discente da instituição. Os resultados preliminares apontam que: a) as políticas linguísticas elaboradas pelas universidades federais brasileiras fazem, em geral, inferência ao aprendizado e publicação em línguas estrangeiras com foco na internacionalização institucional; b) as universidades contribuem com a invisibilidade e desprestígio das línguas indígenas, o que consequentemente aumenta o preconceito e impacta negativamente no percurso acadêmico dos estudantes indígenas nas instituições de ensino superior.