A PALATALIZAÇÃO DE /l/ NAS NÃO CAPITAIS DA REGIÃO NORTE E CENTRO-OESTE DO BRASIL
Palatalização de /l/. Geossociolinguística. Atlas Linguístico do Brasil.
O presente estudo trata do fenômeno da palatalização de /l/ diante de [i j] no português brasileiro, como pode ser observado, por exemplo, em [likidʒifikaˈdo] e [lʲikiʤifikaˈdo], em que há mudança da lateral alveolar /l/ para a variante palatalizada /lʲ/. O trabalho segue a orientação da Geossociolinguística (LIMA, RAZKY E OLIVEIRA, 2020), a qual assume a articulação entre a Sociolinguística e a Geografia Linguística para tratamento e análise dos dados. Esta pesquisa justifica-se pelo fato de permitir a comparação dos diversos resultados obtidos em diferentes regiões do Brasil que tratam sobre a palatalização, contribuindo para a sistematização do quadro linguístico brasileiro. Foram analisadas as ocorrências de palatalização de /l/ nos pontos de inquérito do projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB) que constituem as não capitais de duas regiões do país, Norte e Centro-Oeste, totalizando 35 localidades. O corpus abrange 645 dados e é composta por 140 colaboradores estratificados por sexo (masculino; feminino) e faixaetária (18-30; 50-65). Foram utilizados quatro itens do Questionário Fonético-Fonológico (QFF): liquidificador, liquidação, família e sandália; e sete itens do Questionário Semântico-Lexical (QSL): colibri, galinha da angola, libélula, bolinha de gude, estilingue, amarelinha e fuligem, a fim de se descrever, interpretar e mapear, com base nos resultados de frequência e peso relativo obtidos na pesquisa, o efeito dos fatores internos (contexto fonológico precedente, contexto fonológico seguinte, tonicidade, diminutivo e posição da palavra) e externos (região, estado, município, sexo e faixa etária) sobre o fenômeno estudado. Os resultados mostram que o fenômeno é mais recorrente na região Norte. Os estados que mais favoreceram a aplicação da regra foram: Amapá, Amazonas e Pará e suas respectivas cidades. O grupo de fatores posição da palavra demonstra que a posição final favorece significativamente o fenômeno.