TEMPO E NARRATIVA: SAÍDAS POÉTICAS DA LITERATURA CONTEMPORÂNEA DA AMAZÔNIA
Tempo e Narrativa; Amazônia; Poética da Narrativa; Saídas poéticas; Literatura.
A presente tese defende a ideia de que o tempo e a narrativa são reconfigurados por ficções contemporâneas da Amazônia, centrando-se nas obras K O escuro da semente (2016), de Vicente Franz Cecim; Albergue noturno (2005), de Edilson Pantoja e Habeas Asas, sertão de céu! (2011), de Arthur Martins Cecim. A investigação se concentra em como tempo e narrativa se articulam enquanto experiência ficcional no acontecimento da linguagem. Assim, a noção de contemporâneo surge a partir da leitura das obras, cujo objetivo é analisar seus mecanismos internos que concernem à temática proposta nesta tese. A ficção reconfigura o tempo na Amazônia e dá pluralidade à narrativa da região, pois cada obra funda espacialidade e temporalidade de modo particular. Dessa forma, por meio da narrativa operada na escrita de autores amazônicos, a espelhar, reconfigurar e recriar o tempo da Amazônia por meio de narrativas que deslocam o tempo estabelecido como real e histórico, movendo-o às faces composicional e estética. A obra Temps et récit, (Tempo e Narrativa 1, 2 e 3) de Paul Ricoeur, guia direta e indiretamente a pesquisa por caminhos teóricos, interessando ao estudo o conceito de “poética da narrativa”, importante para defender a ideia de que o tempo, mesmo repleto de aporias deixadas pela tradição filosófica, é reconfigurado pela narrativa não para elevar a ficção a um lugar separado das práticas culturais, mas arrastá-las a outras realidades criadas pela construção narrativa como poética em acontecimento que resulta em saídas poéticas. O termo saídas poéticas trata-se de um conceito desenvolvido a partir das obras de Ricoeur e Deleuze e Guatarri, e aborda um modo de sair do caos individual e social por meio da literatura. Para acompanhar o itinerário, além de Paul Ricoeur, a investigação se relaciona com os pensamentos e escritos de Deleuze e Guattari (2015), Bachelard (2013), Foucault (2015), Agamben (2016), Luís Costa Lima (2022).