As Tradições Orais e o Ethos Apurinã
Ethos Aruák; Apurinã; tradições orais; linguística antropológica
O objetivo desta tese é apresentar os resultados do estudo realizado com base em histórias tradicionais e relatos pessoais que evidenciam traços culturais do povo Apurinã, chamados neste estudo de Ethos Apurinã. A problematização desta pesquisa surgiu a partir da discussão proposta por Santos-Granero (2002) em seu artigo sobre o Ethos Aruák em que são apresentadas cinco características culturais que seriam comuns entre os povos Aruák: o repúdio a endoguerras; as alianças sociopolíticas com outros povos; a sucessão de lideranças por vínculos consanguíneos; a comensalidade; a importância dada à cosmologia e aos mitos para a vida social e cotidiana. A sustentação teórico-metodológica do estudo está baseada na Linguística Antropológica, principalmente, em pressupostos de Duranti (1997), por exemplo, de Dell Hymes (ano) e em estudos de histórias orais. O conceito de Ethos a ser considerado em estudos de natureza da proposta apresentada neste trabalho deve ser entendido como um conjunto de percepções, práticas, características afetivas coletivas que, juntas, representam uma matriz de comportamento e de pensamento característicos de um determinado grupo. Os Apurinã vivem em vários afluentes do rio Purus, na região sudoeste do estado do Amazonas. A relevância deste estudo está em contribuir para o entendimento de elementos culturais que depõem sobre a história de contato do povo Apurinã (Aruák) e que podem explicar algumas das relações sociais existentes em suas aldeias atualmente, além de demonstrar, em dados linguísticos, aspectos sociais do modo de vida, dos princípios e da visão de mundo Apurinã. Este estudo não se propõe a estabelecer uma correlação com o estudo de Santos-Granero (2002), mas, é, a partir dele, que estabelecemos as estratégias de investigação para chegar à proposição de um Ethos Apurinã, apresentado como resultado desta pesquisa