MULHERES, PODER E VIOLÊNCIA: UMA OUTRA POSSIBILIDADE INTERPRETATIVA EM CLARICE LISPECTOR
Mulher; Poder; Violência; Conto; Clarice Lispector.
A autora Clarice Lispector produziu inúmeros trabalhos ao longo de sua carreira literária e seus escritos sempre foram fonte de grande questionamento tanto para leitores quanto para críticos. Os seus contos são até hoje objeto de pesquisa de muitos acadêmicos interessados em entender a vida da mulher e as diversas relações que ela estabelece com o mundo à sua volta, mas principalmente com o ambiente doméstico. Nesse sentido, nosso trabalho tem como objetivo investigar como os contos “O corpo”, “A solução”, “A língua do p” e “O búfalo”, constroem em suas narrativas as relações de poder existentes, o embate entre diferentes forças, que resultam em violência física. Ao promoverem explicitamente as questões de poder e violência, já que essas personagens femininas dos contos de Lispector se mostram parte ativa na luta pelo poder e se recusam a exercerem papeis sociais impostos ao gênero feminino, esses textos nos permitem debater os aspectos marginalizados da escrita clariciana para identificar uma inovação no que diz respeito à inscrição feminina diante das lutas de poder. Além disso, a importância do tema está em contribuir no desenvolvimento de pesquisas sobre os temas transgressores que a autora desenvolveu em suas obras e que desestabilizam a escrita tradicional e dão vazão aos conflitos e contradições fundamentais do ser humano. Para o alcance dessa compreensão, utilizamos o método bibliográfico, com base nas postulações de Foucault (1979; 1987), Giorgio (2016) e Moraes (2002) sobre as teorias do poder e do controle do corpo; Bataille (1957; 2013), Helena (2006), Nunes (1989), Rosenbaum (1999), Peixoto (2004) e Nascimento (2012) voltadas ao estudo da linguagem, narrativa, violência, literatura e do mal para compreender o universo lispectoriano. Assim, nosso trabalho tem a importante tarefa de construir uma pesquisa que, assim como as personagens femininas de Clarice, se recusa a fazer mais do mesmo e busca novas possibilidades interpretativas acerca das relações de poder, que Lispector tenciona em seus textos e como reavaliam e discutem essas mesmas relações por meio das personagens femininas.