LITERATURA, IMAGEM E MEMÓRIA ANCESTRAL: A REPRESENTAÇÃO LITERÁRIA DA RELAÇÃO COLONIZADO-COLONIZADOR NA TRILOGIA AFRICANA, DE CHINUA ACHEBE
Chinua Achebe. Trilogia Africana. Literatura Pós-Colonial; Memórias ancestrais.
Chinua Achebe é considerado um dos escritores de maior destaque no cenário literário africano moderno e que possui grande relevância na contemporaneidade, em função de seu projeto político-literário que une história e literatura para a escrita de uma ficção feita a partir das perspectivas e das experiências africanas como contraponto aos discursos, às imagens e às literaturas coloniais. Dessa forma, esta dissertação se propõe a investigar de que maneira a Trilogia africana, escrita por Achebe entre os anos de 1958 e 1964, contribuiu para o estabelecimento de uma nova forma de representar a relação estabelecida entre colonizado e colonizador, partindo da perspectiva daqueles que foram colocados à margem da história e dos discursos coloniais. Além disso, buscamos examinar como essa relação, por meio do uso de violências, práticas de invisibilização e sujeição, provocou transformações sociais, culturais, religiosas e identitárias para a etnia Igbo. Para isso, tomamos como aporte teórico trabalhos como Pollak (1989; 1992), Quayson (2000), Benjamin (2010), Said (2011), Bhabha (2011), Noa (2015), os quais englobam a teoria pós-colonial e os estudos de memória, e também trabalhos críticos do próprio Achebe (1988; 2000; 2012a; 2012b). Com isso, observou-se que o fazer literário de Chinua Achebe, alinhado às demandas político-sociais da Nigéria, buscou representar não só as experiências Igbo anteriores à colonização como forma de resgatar e celebrar as memórias tradicionais, mas também as transformações culturais, religiosas, linguísticas e identitárias advindas da colonização.