TEMPO & NARRATIVA: LITERATURA CONTEMPORÂNEA NA AMAZÔNIA
Tempo e Narrativa; Amazônia; Poética; Acontecimento; Ficção; Literatura.
O presente trabalho defende a tese de que o tempo e a narrativa são reconfigurados por ficções contemporâneas na Amazônia. Assim, não estão relacionados unicamente à lógica colonizadora, que transferiu aspectos de temporalidades ocidentais a uma região complexa. Centrando-se nas obras Habeas Asas, sertão de céu!, de Arthur Martins Cecim, Albergue noturno, de Edilson Pantoja e em K O escuro da semente, de Vicente Franz Cecim, a investigação se concentra, nesta primeira etapa, em como tempo e narrativa se articulam enquanto experiência ficcional no acontecimento da linguagem. A ficção na Amazônia reconfigura o tempo dessa região por meio da narrativa operada na escrita de autores amazônicos, a espelhar, reconfigurar e recriar o tempo da Amazônia por meio da narrativa como lugar, em um deslocamento do tempo estabelecido à sua face estética. A obra Temps et récit, (Tempo e Narrativa) de Paul Ricoeur (1994), guia a pesquisa por caminhos teóricos, interessando ao estudo o conceito de “poética da narrativa”, importante para defender a ideia de que o tempo, mesmo repleto de aporias deixadas pela tradição filosófica, é reconfigurado pela narrativa não para elevar a ficção a um lugar separado das práticas culturais, mas arrastálas a outras realidades criadas pela construção narrativa como poética em acontecimento. Para acompanhar o itinerário, além de Paul Ricoeur, o trabalho é atravessado por Deleuze e Guattari (2015), Bachelard (2013) e Foucault (2015), que suscitam outros atravessamentos.