Banca de QUALIFICAÇÃO: GABRIELA DE ANDRADE BATISTA

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: GABRIELA DE ANDRADE BATISTA
DATA: 09/08/2024
HORA: 15:00
LOCAL: Sala de defesas do PPGL - Sala 14
TÍTULO:

Verbos não canônicos da língua Apurinã: Um estudo morfossintático

PALAVRAS-CHAVES:

Apurinã. Verbos. Verbos não canônicos. Morfossintaxe.

PÁGINAS: 159
GRANDE ÁREA: Lingüística, Letras e Artes
ÁREA: Lingüística
RESUMO:

Apurinã (Aruák) é uma língua falada por um povo de mesmo nome que se autodenomina pupikarywakuy, que vivem em comunidades ao longo do rio Purus, ao sudeste do estado do Amazonas. O objetivo central da presente tese é realizar uma análise e descrição sobre as formas verbais não canônicas na referida língua, a fim de compreender quais são os conjuntos de verbos que se encaixam nesta categoria e explicar morfossintaticamente e semanticamente suas propriedades, bem como explicar suas distinções acerca das formas verbais canônicas. Para tanto, nos baseamos principalmente nos trabalhos de Facundes (2000, 2002), Facundes e Chagas (2014), Freitas (2017), Batista (2022). Como exemplo, temos na língua verbos transitivos diferem de verbos intransitivos pois os primeiros podem ter ambos os sujeitos e marcadores pessoais, como em u=nhika=ry (3F.S=eat=3M.O) ‘Eu como’, onde os verbos intransitivos podem ter apenas marcadores de pessoa para o sujeito, como pode ser observado no exemplo u=myteka (3F.S=run) ‘Ela corre’. Entre os verbos intransitivos, entretanto, é possível achar alguns verbos descritivos levam marcas objetos ao invés de marcas de pessoa, como em kamithupeka-ry (be.full-3M.O) ‘Ele está satisfeito’. Embora diferentes do padrão de verbos intransitivos, os verbos descritivos formam uma subclasse própria. Verbos descritivos também constituem uma classe semântica, uma vez que eles próprios se referem a palavras. Diferente do verbo transitivo padrão e dos verbos descritivos, um verbo como ‘ir’ é um argumento singular que parece precisar um sujeito padrão e não um objeto, como é possível observar em u=sa=ku (3F.S=go=FUT) ‘Ela irá”. Entretanto, em textos da língua é comum encontrar usos do verbo como: u=sa=ry (3F.S=go=3M.O) ‘Ela vai’, onde o objeto marcador da terceira pessoa aparece no verbo. Devido a isso, tem-se um verbo único verbo argumentativo carregando a morfossintaxe do verbo transitivo. Em outro exemplo que recai na categoria do conjunto dos verbos não canônicos é o caso do verbo quantificativo: na sentença Kaiãu=ru kimitxitu watxa (há.muitos-3F.S.O=pium=hoje) ‘há muitos pium hoje”, kaiãu-ru carrega as noções de existência/ mais quantidade e necessita do objeto mas não do marcador de sujeito (pessoa), e em Puiãũ-ka-wa atha (há.poucos.de.nós-PRED-1PL.O=1PL) “Há poucos de nós”, puiãu carrega a noção de existência e menos quantidade, o qual também necessita de uma marca de objeto mas não de sujeito. Ao final do estudo irá ser apresentado uma análise de como os verbos Apurinãs podem ser analisados em termos gerais de classe com o mesmo conjunto geral de semântica e propriedades morfológicas, mas que incluem subclasses com propriedades particularmente distintas dos padrões gerais e individuais dos verbos que apresentam padrões diferentes e ao final irá demonstrar-se como essa analise pode contribuir para um melhor entendimento da gramática da língua Apurinã. Para compreender estes aspectos teóricos, nos baseamos principalmente em Zwicky e Pullum (1983), Sadock (1985), Heine (1991 e 1997), Hopper e Traugott (1993), Aikhenvald (2001), Onish (2001), Givón (2001), Heine (1991 e 1997). Através desta pesquisa buscamos entender de forma mais ampla as particularidades dos verbos não canônicos, categorizá-los e descrevê-los, com o objetivo de entender como tais formas verbais operam na língua Apurinã.

MEMBROS DA BANCA:
Interno - 1945974 - ANGELA FABIOLA ALVES CHAGAS
Externo à Instituição - ANTONIO ALMIR SILVA GOMES
Presidente - 1353073 - SIDNEY DA SILVA FACUNDES