FENOMENOLOGIA DAS EXPERIÊNCIAS DOS JORNALISTAS NA COBERTURA DE VIOLÊNCIA NA REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM
Jornalistas; cobertura de violência; Fenomenologia;
Esta pesquisa tem como tema geral o universo da produção jornalística e os acontecimentos sobre a violência urbana na capital paraense. Nosso foco de apreensão são os jornalistas e suas experiências cotidianas sobre esses acontecimentos na Região Metropolitana de Belém. Entende-se a prática jornalística enquanto instância de construção social da realidade (BERGER, LUCKMANN, 2011; ALSINA, 2009), uma vez que esse campo de atividade profissional se institui como um dos processos pelos quais o conhecimento chega a ser socialmente estabelecido como “realidade”. O objetivo geral da pesquisa é compreender e desvelar os sentidos atribuídos pelos jornalistas sobre suas experiências com a violência a partir da produção jornalística cotidiana. O pressuposto para abordar as experiências desses profissionais e a relação específica com as notícias sobre violência urbana é de que por meio da compreensão dessa relação pelas múltiplas perspectivas contidas nas narrativas dos jornalistas podem ser desvelados novos sentidos que envolvem o próprio contexto da violência e também da sua produção jornalística, tendo em vista as diversas relações sociais presentes nessa construção e o papel específico exercido pelo jornalista de mediação e configuração narrativa da realidade através da notícia. Para tanto, optou-se pela entrevista-narrativa como instrumento metodológico não estruturado, que visa emergir tais experiências dos jornalistas entrevistados a fim de que neste processo eles possam realizar uma configuração narrativa sobre suas trajetórias profissionais com a cobertura dos acontecimentos violentos. As perspectivas narradas não são homogêneas e evidenciam ângulos variados sobre o processo jornalístico devido às diferentes posições sociais que ocupam, o tempo que estão envolvidos com esse contexto e as diferentes funções que esses profissionais exercem no processo de produção da notícia de violência, tais como repórter, apresentador, produtor, redator, fotógrafo e cinegrafista. Como método de análise dessas entrevistas, recorre-se à fenomenologia hermenêutica de Paul Ricoeur, para quem narrar é uma forma de compreensão da experiência humana e pesquisa qualitativa.