COMUNICAÇÃO PÚBLICA DA CIÊNCIA NA AMAZÔNIA: uma análise dos processos comunicacionais do projeto Ciência na Ilha, realizado em escolas ribeirinhas de Belém do Pará.
Comunicação Pública da Ciência; Paradigma Relacional da Comunicação; Ecologia de saberes; Projeto Ciência na Ilha; Amazônia paraense.
O objetivo principal deste estudo é compreender de que forma os processos comunicacionais do projeto “Ciência na Ilha: educação e divulgação científica na Amazônia” se aproximam das premissas da Comunicação Pública da Ciência pelos modelos dialógicos, considerando as perspectivas do paradigma relacional da comunicação e também da ecologia de saberes. Destacando o contexto da comunicação face a face em que o Ciência na Ilha se realiza, investiga-se neste trabalho, os processos comunicacionais do evento à luz das teorias da Comunicação Pública da Ciência (BRANDÃO,2009; DUARTE, 2009), pelos modelos dialógicos (COSTA, SOUSA, MAZOCO, 2010;CALDAS, 2011; LIMA E CALDAS, 2011; QUINTANILLA, 2009; ARRUDA et al, 2017) e do paradigma relacional da comunicação (FRANÇA, 2003, 2016), também denominado de modelo praxiológico (QUERÉ, 1991), um caminho por onde a comunicação deixa de ser um processo recortado e restrito e é tomada como lugar de constituição dos fenômenos sociais. Na lógica da ecologia de saberes, defendida por SANTOS (2007, 2009), e, ainda, do processo de aprender a desaprender (MIGNOLO, 2008), pretende-se analisar o Ciência na Ilha levando em conta a perspectiva das teorias decoloniais(BALESTRIN, 2013, 2014; MALDONADO-TORRES, 2019), que buscam romper com os métodos cartesianos da ciência que, marcada pela visão eurocêntrica, cria linhas abissais de conhecimento (SANTOS, 2007, 2009), invisibilizando práticas tradicionais não validadas pelo mundo científico e ignorando a diversidade sociocultural. Como plano de fundo da pesquisa se faz necessário entender de que forma o projeto Ciência na Ilha contribui ou não com a interação entre os saberes das populações ribeirinhas e o conhecimento científico, considerando que uma das propostas da ação extensionista é justamente promover esse encontro, aproximando, assim, a produção acadêmica realizada na UFPA das comunidades ribeirinhas e vice-versa. Para isso, pretende-se fazer uma análise dos processos comunicacionais estabelecidos entre os alunos e professores do Clube de Ciências da UFPA, que há 15 anos realizam o projeto de extensão que trabalha a interface educação e divulgação científica em escolas ribeirinhas das ilhas de Belém do Pará, e os professores e alunos da Escola Estadual Marta da Conceição, localizada na ilha de Cotijuba, sede da feira insular de ciência por seis edições. Sendo uma pesquisa essencialmente qualitativa, o processo metodológico se constitui, principalmente, da observação de duas edições da feira (2017 e 2019), em entrevistas individuais abertas com alunos e professores da escola ribeirinha e do Clube de Ciências da UFPA; entrevistas semiestruturadas individuais com professores da UFPA que participam e coordenam o Clube de Ciência e o Ciência na Ilha; e, também, em grupos focais que, por conta da pandemia de Covid-19, serão realizados de forma virtual com os diversos sujeitos envolvidos: alunos da escola ribeirinha; professores da escola ribeirinha;
graduandos da UFPA e sócios-mirins do Clube de Ciências da UFPA.