ENTRE RELATOS DE SI: Dimensão reflexiva de normas regulatórias, sistemas interseccionais de desigualdades e abjeção para egressas do Centro de Reeducação Feminino
Encarceramento feminino; abjeção; normas regulatórias; sistemas interseccionais de desigualdades.
Ao olhar para o encarceramento feminino por meio de de uma visada comunicacional optamos por não investigar interações entre as próprias mulheres ou entre elas e o sistema carcerário; também não buscaremos observar sentidos construídos em jornais sobre o encarceramento feminino; mas optamos por trabalhar com os conceitos de abjeção, interseccionalidade e normas regulatórias de gênero e como interagem entre si, através da análise, uma vez que esta permite a apreensão das matrizes interpretativas que emergem nas falas mulheres que já estiveram encarceradas no Centro de Reeducação Feminino. Com base em nosso referencial teórico, elegemos como problema de pesquisa: De que forma se tecem as interações entre normas regulatórias, sistemas interseccionais de desigualdades e abjeção em relatos de si de mulheres sobreviventes ao CRF? Por meio deste problema, buscaremos compreender a tessitura da dimensão reflexiva entre normas regulatórias, sistemas interseccionais de desigualdades e abjeção através de relatos de si de mulheres que já foram internas no Centro de Reeducação Feminino (Belém-PA). Para isso, nos propomos a investigar se ou de que forma o movimento de relatar-se a si mesma das mulheres concernidas é marcado por negação de humanidade, imposição de normas generificadas e por práticas atravessadas marcadores sociais de diferenças (gênero, raça, classe e sexualidade), ou mesmo seu questionamento; utilizados para reiterar e/ou questionar normas regulatórias, desigualdades e abjeção e tensionar os relatos de si das mulheres, para compreender a interação entre ambos. Para coletar esses relatos, realizamos entrevistas semi-estruturadas, em vias de apreender inicialmente os relatos de si mobilizados pelas mulheres. Posteriormente, analisaremos os resultados a partir das interações identificadas (que inicialmente podem ser de abjeção interna, externa, normas regulatórias e sistemas de desigualdades) em vias de compreender como se tece a relação entre as matrizes interpretativas identificadas.