É muito triste não conhecer o pai. A herança da violência e os familiares de Gringo, Benezinho e Paulo Fonteles
Amazônia; Benedito Alves Bandeira; Raimundo Ferreira Lima; Paulo Fonteles; trauma e memória
Esta tese faz uma abordagem sobre a violência que tomou o Estado do Pará depois do golpe militar no Brasil em 1964. Nesse trabalho analiso três casos, de três lideranças que foram assassinadas na década de 1980 por conta dos conflitos que se estabeleceram nessa parte da Amazonia por conta do modelo de desenvolvimento que se constituiu nos anos que seguiram a frente com os militares. A primeira parte do trabalho procura mostrar uma Amazônia que foi ocupada por migrantes e nesse período mais recente sendo apresentado um debate de estudos já produzidos academicamente sobre o tema, além de uma produção cinematográfica que retratou denúncias sobre a situação de diversos conflitos já estabelecidos, principalmente nas décadas de 1970-1980. A segunda parte da tese, destino falar sobre a história e memória das lutas de cada uma dessas três lideranças que marcaram de forma atuante com suas ações, os espaços onde viveram e conviveram. Procuro mostrar que Raimundo Ferreira Lima, conhecido por "Gringo", assassinado no ano de 1980 deixou um legado na região do município de Conceição do Araguaia, bem como Benedito Alves Bandeira, conhecido por "Benezinho", morto em 1984 e que teve sua atuação no município de Tomé-Açú e Acará, além de Paulo César Fonteles de Lima, que teve sua vida ceifada em 1987, foi um marco na luta pelos direitos humanos na capital paraense, região nordeste paraense e principalmente teve atuação marcante no sul do Pará. A terceira parte deste trabalho procura mostrar a herança que ficou da memória dos familiares, como lidaram com a perda, como ficaram depois das mortes, se houve ajuda do Estado, de movimentos sociais, da igreja católica, se houve algum tipo de reparação, se são revoltados, se há traumas ainda nos dias de hoje? São alguns dos questionamentos que esta tese se propõe em trazer à tona nesses tempos tão sombrios que se vive a sociedade brasileira e a própria região amazônica.