TERRITORIALIZAÇÃO, DESTERRITORIALIZAÇÃO E NOVA TERRITORIALIZAÇÃO: Vila de Cariperana a comunidade remanescente quilombola América- Bragança (PA)
Narrativas; desterritorialização; nova territorialização.
Esta Tese analisa o processo de desterritorialização da Vila de Cariperâna e a Nova
Territorialização da Comunidade Remanescente Quilombola do América-CRQ, ambas
localizadas no município de Bragança, nordeste do Estado do Pará, no contexto das
ressignificações territoriais e socioculturais. A Tese foi construída a partir de narrativas
dos pesquisados, denominados de guardiões da memória, na perspectiva da História
Social de contextualizar as raízes históricas e relações afrodescendentes entre
comunidades, articulados nas concepções advindas de estudos territoriais, por meio das
categorias território, territorialidade, desterritorialização e nova territorialização. A
coleta dos dados foi obtida no uso da técnica da entrevista semiestruturada com a
participação de interlocutores, sendo cinco descendentes diretos de territorializadores
afrodescendentes das comunidades quilombolas pesquisados. Os processos de
desterritorialização e nova territorialização são compreendidos em três planos:
histórico-temporal, espacial e simbólico. Para análise de conflito étnico, foram
elaboradas expressões gráficas (Genograma) dos familiares afrodescendentes das
comunidades pesquisadas e as relações ancestrais. As análises respaldam-se no campo
teórico metodológico e bibliográfico, considerando as relações território e poder,
mediante ressignificações territoriais em comunidades tradicionais quilombolas, com
base na Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades
Tradicionais, conforme artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
da Constituição Federal de 1988. Os resultados indicam que a desterritorialização da
Vila de Cariperâna ocorreu em duas situações: primeiro devido à falta de políticas
públicas socioeconômicas, primadas pela invisibilidade do Poder Público diante do
descontrole avançado do setor agropastoril, os latifundiários, inviabilizando a prática
agrícola local, e segundo por situação de conflitos caracterizados pela relação de
vivência pública, contínua e duradoura nas constituições familiares, forçando-os à nova
territorialização, em busca do trabalho agrícola de subsistência no novo território, a
Comunidade Remanescente Quilombola do América. O território da CRQ do América é
marcado por ressignificações territoriais, concepções, códigos, saberes, destacando-se
pela relação de poder estabelecida com o território, privilegiando as relações cotidianas
e características próprias dos que nele vivem.