“UM PAÍS SELVAGEM” Os Mebêngôkre-Irã Amrayré e a fronteira Araguaia na segunda metade do século XIX
Fronteira; Política indigenista; Mebêngôkre-Irã amrayré; Século XIX
A presente tese analisa a relação dos Irã amrayré (grupo Mebêngôkre-Kayapó) com os diferentes agentes da política indigenista da segunda metade do século XIX, na província de Goiás, que tinha como objetivo a ocupação e colonização dos vales dos rios Araguaia e Tocantins, com vistas a ocupar as suas margens e construir uma rota comercial ligando o norte da província a Belém, no Pará, sobretudo através do rio Araguaia. Esse processo conformou a região enquanto uma fronteira, um lugar marcado pelo contato interétnico. A partir da análise da documentação oficial, relatos de viajantes, mitos e narrativas Irã amrayré, e em diálogo com a etnografia contemporânea dos Mebêngôkre, a tese pretende demonstrar que os Irã amrayré experimentaram a construção da fronteira Araguaia a partir de sua própria cultura, e segundo os seus interesses. Por outro lado, ressalta ainda que o contato com o outro (o kupẽ) operou transformações entre os Irã amrayré.