FESTEJOS DO ABOLICIONISMO: Tecendo memorias e representações da liberdade em Belém (1881-1888).
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As festas do abolicionismo enquanto tema historiográfico traz à tona o debate da liberdade numa perspectiva de compreensão de símbolos, alegorias, rituais em meios a cortejos e reuniões em que diversos sujeitos estabeleceram escritos e memorias em torno do processo de liberdade no Brasil.
As festas constituíam uma das estratégias no qual parcelas da população que não estavam envolvidas nos processo decisórios da política passaram a se identificar e transitar em torno da causa da liberdade. Para Walter Fraga filho[1], o escravismo se constituiu elemento comum de insatisfação das camadas urbanas. No Pará, especificamente em Belém, estas comemorações foram amalgamadas a uma variedade de ações que associavam ideias como patriotismo, construção de uma nacionalidade, subscrição popular, ato de caridade e filantropia num discurso de “regeneração social” do “redentor” que beneficiava o redimido, empregando um caráter amisto e até mesmo piedoso para estas comemorações, o que Seymourd Drescher classificou como um “batismo da liberdade”.
Os festivais da liberdade estiveram entre as considerações, reflexões e temas da historiografia da abolição que elencava a festa como componente demarcador da adesão popular e do “clima” que estava em volto à Campanha Abolicionista.
Neste trabalho, analiso as comemorações como eixo catalisador que possibilitou a formação de um repertório em torno do processo de liberdade, perspectiva de criar sentidos e significados a rituais, interação de redes de informações e de sociabilidades entre diversos grupos sociais que usaram repertórios morais com temática humanitária e piedosa, sobre tudo, um ato político.
[1] FRAGA Filho, Walter. Encruzilhadas da liberdade: Histórias e trajetórias de escravos e libertos na Bahia, 1870-1910. Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Tese (doutorado). Orientador: Robert W. Slenes. PP 41-97.