DIÁLOGO DE SURDOS: ESTIGMAS, ORALISMO,
LÍNGUA DE SINAIS E ESCOLARIZAÇÃO DE SURDOS EM BELÉM (1960 - 2019)
surdos, estigma, oralização, língua de sinais, escolarização.
Este trabalho foi desenvolvido a partir da análise de dadas vivências de pessoas surdas na capital do Estado do Pará. Tais vivências enfocadas dizem respeito fundamentalmente às práticas de oralização de surdos, a partir de terapias implementadas dentro de ambientes escolares, que objetivavam estimulá-los a desenvolver a fala, a leitura orofacial (leitura labial) e os resquícios auditivos com a intensão de que pudessem identificar determinados sons e assim, serem integrados à sociedade majoritária ouvinte. Estas práticas terapêuticas apresentam-se como um projeto repleto de concepções médicas, que adentraram os espaços escolares, e foram impostas aos surdos, destacadamente entre as décadas de 1960 e 1980, sendo que a partir da década de 1990 e os anos iniciais do século XXI, houve o fortalecimento de movimentos surdos, que passaram a contestar este modelo estabelecido e propor a valorização da que compreendem ser sua língua natural, a Língua de Sinais, no caso, a Libras. Dentro deste contexto, destaco ainda, os estigmas atribuídos aos indivíduos com surdez através do desconhecimento e incompreensão das idiossincrasias de um grupo social minoritário pela maioria ouvinte. Abordo ainda este grupo como um grupo social que deve ser percebido pelo campo da História como um novo sujeito a ser pesquisado, que precisa ser melhor investigado pela historiografia, sobretudo a produzida por historiadores de formação. A pesquisa buscou destacar a agência dos sujeitos surdos enquanto protagonistas no interior dos processos sociais investigados, para tanto fiz um amplo uso de publicações em redes sociais e entrevistas, as quais conceituei como História Sinalizada, procurando historiar as memórias destas pessoas acerca de algumas de suas experiências, com claro enfoque nas experiências escolares.